quarta-feira, 24 de novembro de 2010

CAÍ MAS VENCI!!!

Caí mas venci!

“A vida é como andar de bicicleta. Para manter seu equilíbrio você deve continuar em movimento”, dizia Einstein. E ao aprender a andar de bicicleta você garante alguns tombos, hematomas e torções. Mas nada se compara aquele vento no rosto que sente só quem se arrisca na ladeira.

Volte um pouco comigo em sua vida, aquele tempo de engatinhar onde você arriscava ficar em pé sozinho. Com certeza caiu muito. Se você tivesse parado no primeiro tombo? Você com certeza não estaria aqui. A queda não foi capaz de parar você! Você caminhou!

Mesmo com “rodinhas” na bicicleta, você se arriscou.

O equilíbrio no andar que aparentemente era um obstáculo se tornou a vitória!

A todo instante a vida nos traz questões, hora abertas, hora de múltiplas escolhas. Mas quem dá a resposta é você! E o sentido da vida se encontra no significado que dá a cada pergunta!

Aprendi nesta manhã que a vida está cheia de obstáculos, porém quando invisto com perseverança nestes obstáculos, eles se tornam impulso para vitória.

Minha queda não tem o poder de impedir o movimento! O sentido está em não desistir!

Qual a dor que você enfrenta? Qual sofrimento? Qual angústia aperta seu coração? Se não há como mudar a situação, deixe que a situação mude você! Diga sim a vida! Diga sim a você! Diga sim a Deus.

Apesar das adversidades, das inevitáveis misérias somos capazes de responder à vida utilizando-se da capacidade de transformar criativamente os aspectos negativos em algo positivo, construtivo. Retirar do caos o melhor que puder, esse é o nosso dever. Este é o segredo da felicidade.

Não foram as quedas e os obstáculos que me impediram de caminhar, foram eles que me impulsionaram a vencer!

No cego que foi curado por Jesus, vejo minha vida. O manto da indigência não tem a ultima palavra, a margem não foi o lugar preparado para mim. As vozes querendo me calar não foram capazes de silenciar minha sede de felicidade! Eis o meu grito:

“Jesus Filho de Davi tem piedade de mim”.

Mesmo caído, não sou a queda, não sou o erro!

Hoje quero dizer a você, o obstáculo que enfrenta ou a multidão que te sufoca não são pontos finais em sua vida e sim pontos de interrogação. É a vida te perguntando: Vai parar aqui? E Deus coloca um ponto de exclamação e diz: “Você foi criado para ser feliz!”. O travessão que precisa dar é a resposta que a vida espera!

Você nasceu para ser feliz!

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

O QUE É O KAMBÔ?


O QUE É O KAMBÔ?

Antes que você diga que o Kambô é um remédio feito de veneno de sapo, vou logo corrigir. A técnica do Kambô é uma técnica indígena para tratamento de doenças.
A seguir relacionei as principais dúvidas com relação ao Kambô.
O QUE É O KAMBÔ?
O Kambô é uma rã encontrada na Amazônia e em todo Acre. A secreção do veneno da rã é um antibiótico natural que elimina impurezas e distúrbios do corpo e aprimora as defesas do organismo.
COMO É O EFEITO DO KAMBÔ?
O efeito do Kambô no corpo é diferente. Somente a pessoa que recebe a aplicação consegue descrever.
QUAL A SENSAÇÃO DO KAMBÔ?
A sensação do Kambô é de que as células do corpo estão sendo renovadas.
OPINIÃO DE MÉDICOS SOBRE O KAMBÔ
Médicos que utilizaram e estudaram o Kambô alegam que a rã é eficaz no tratamento de diversas doenças, entre elas o cancêr, AIDS ou qualquer distúrbio crônico.
COMO O KAMBÔ ATUA NO ORGANISMO?
O Kambô atua reforçando o sistema imunológico. O Kambô destrói as membranas celulares das bactérias.
DE ONDE SURGIU O KAMBÔ?
Na sabedoria cabocla, o Kambô é remédio de índio. Os índios encaram as doenças de uma maneira diferente da nossa. Para os índios a doença é um espírito maligno que combate o indivíduo.
POR QUE AS PESSOAS TOMAM KAMBÔ?
O porquê de tomar o Kambô é para afastar o inimigo, e para afastar o desânimo, falta de vontade para caçar, namorar, má sorte, tristeza, fraqueza mental, espiritual, física, baixa estima, desarmonia com a natureza.
POR QUE É BOM TOMAR O KAMBÔ?
O índios dizem que é bom tomar o Kambô porque traz felicidade para quem toma e para quem pára de caçar.
O QUE ACONTECE QUANDO SE TOMA O KAMBÔ?
Quando se toma o Kambô a caça se aproxima curiosa do caçador. Quem toma o Kambô emite um tipo de luz verde e isso faz a caça se aproximar. O Kambô também desentupe as veias do coração fazendo circular a emoção, o sentimento, o amor.
DÓI APLICAR O KAMBÔ?
Não, a aplicação do Kambô é indolor.
QUANTO TEMPO LEVA PARA SENTIR OS EFEITOS DO KAMBÔ?
Os efeitos do Kambô são sentidos imediatamente após a aplicação.
COMO É FEITA A COLETA DA SECREÇÃO DA RÃ DO KAMBÔ?
A coleta da substância do Kambô é feita sem machucar a rã, no tempo certo e na lua certa. Sabe-se que é o animal certo através do canto. Logo que a secreção é retirada, a rã é devolvida à natureza. Após seis meses a rã pode ser reutilizada.
RISCOS DA AGULHA UTILIZADA NA APLICAÇÃO DO KAMBÔ
Não há riscos de contaminação no material utilizado no Kambô. Na aplicação não se utilizam agulhas.
COMO É FEITA A APLICAÇÃO DO KAMBÔ?
São feitos pontos para introduzir a vacina do Kambô no corpo com um cipó aceso fazendo uma leva escamação na pele. O cipó utilizado na aplicação do Kambô é antiinflamatório e não são necessários cuidados especiais após a aplicação do Kambô pois a cicatrização dos pontos do Kambô é rápida.
COMO É FEITO O TRATAMENTO ATRAVÉS DO KAMBÔ?
O tratamento do Kambô é composto de três aplicações com intervalo de 30 dias para cada aplicação.
EM QUE REGIÃO DO CORPO É FEITA A APLICAÇÃO DO KAMBÔ?
A aplicação diferencia-se de acordo com o sexo: nas mulheres, a aplicação do Kambô é feita na batata da perna. Nos homens é feito no braço.
QUANTO TEMPO LEVA PARA SENTIR OS EFEITOS DO KAMBÔ?
A reação da vacina do Kambô dura cinco minutos. Nesse tempo ocorrem limpezas no campo físico, energético, espiritual e emocional. Após cinco minutos a sensação é de limpeza, leveza, tranqüilidade, bem estar, paz interior e conscientização do desequilíbrio ou distúrbio a ser tratado. Depois de 30 minutos da aplicação, a pessoa já está apta para suas atividades normais.
PRA QUEM O KAMBÔ É INDICADO?
O Kambô é indicado para qualquer tipo de pessoa que tenha algum tipo de distúrbio ou desequilíbrio. O Kambô purifica o sangue e trata todos os processos agudos e crônicos do organismo.
O Kambô também é indicado para pessoas que buscam auto-conhecimento e a imunização do corpo.
ONDE O KAMBÔ ATUA?
O Kambô atua na percepção, intuição nos sonhos, 3ª visão, no inconsciente e nos bloqueios que impedem o fluxo de energia vital.
CONTRA-INDICAÇÕES DA VACINA DO KAMBÔ
O Kambô não é indicado para mulheres grávidas, menstruadas e crianças com menos de nove anos.
QUAIS DOENÇAS PODEM SER TRATADAS COM O KAMBÔ?
Doenças combatidas pelo Kambô tem apresentado bons resultados nas pessoas que se encontram com dores e inflamação em geral. Entre as enfermidades que o Kambô tem se mostrado eficaz podemos citar:
Dores musculares, coluna, ciática, artrite, reumáticas, tendinite, enxaqueca, e outros. Cansaço nas pernas, dor de cabeça crônica, asma, bronquite, rinite, sinusite, acne, alergias, gastrite, úlcera, diabetes, pressão arterial, obesidade, problemas circulatórios, formigamento, retenção de líquido, colesterol, cateterismo, doenças do coração em geral, hepatite, cirrose, malária (aguda) e pós-malária, labirintite, epilepsia, TPM, irregularidades menstruais, infertilidade, impotência, redução da libido, depressão e suas conseqüências, ansiedade, insônia, irritação, insegurança, nervosismo, medo, stress, fadiga, sistema nervoso abalado, esgotamento físico, mental, emocional, desintoxicação, dependência química, tabagismo.
O Kambô também é eficiente no tratamento de distúrbios nos órgãos genitais, pulmão, rim, vesícula, baço-pâncreas, bexiga, coração, estômago, intestino, tiróide, fígado, garganta.

Débora Elisa - Terapeuta Holística CRT- 41746
TXIPÓYA é aplicadora de Kambô autorizada pelo Pajé e Cacique da Tribo Katukina.
Reservas de horários e mais informações - 11-76438692

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

OXUM

Qualidades

Arquétipos

Ervas

Oferenda

Orixá originário da terra de Ijexá. Genitora por excelência, ligada particularmente à procriação. Deusa das águas doces, reina sobre os rios, também divindade do ouro e dos metais amarelos. Coquete e vaidosa, foi segunda esposa de Xangô, tendo vivido anteriormente com Ogun, Orunmilá e Oxóssi.

Oxum é o nome de um rio em Oxogbo, região da Nigéria. É ele considerado a morada mítica da Orixá. Apesar de ser comum a associação entre rios e Orixás femininos da mitologia africana, Oxum é destacada como a dona da água doce e, por extensão, de todos os rios. Portanto seu elemento é a água em discreto movimento nos rios, a água semiparada das lagoas não pantanosas, pois as predominantemente lodosas são destinadas à Nanã e, principalmente as cachoeiras são de Oxum, onde costumam ser-lhe entregues as comidas rituais votivas e presentes de seus filhos-de-santo.

Oxum tem a ela ligado o conceito de fertilidade, e é a ela que se dirigem as mulheres que querem engravidar, sendo sua a responsabilidade de zelar tanto pelos fetos em gestação como pelas crianças recém-nascidas, até que estas aprendam a falar.

Dentro desta perspectiva, Iemanjá e Oxum dividem a maternidade. Mas há também outro forma de análise; a por faixas etárias, correspondentes a cada arquétipo básico.

Nanã é a matriarca velha, ranzinza, avó que já teve o poder sobre a família e o perdeu, sentindo-se relegada a um segundo plano. Iemanjá é a mulher adulta e madura, na sua plenitude. É a mãe das lendas – mas nelas, seus filhos são sempre adultos. Apesar de não ter a idade de Oxalá (sendo a segunda esposa do Orixá da criação, e a primeira é a idosa Nanã), não é jovem. É a que tenta manter o clã unido, a que arbitra desavenças entre personalidades contrastantes, é a que chora, pois os filhos adultos já saem debaixo de sua asa e correm os mundos, afastando-se da unidade familiar básica.

Para Oxum, então, foi reservado o posto da jovem mãe, da mulher que ainda tem algo de adolescente, coquete, maliciosa, ao mesmo tempo que é cheia de paixão e busca objetivamente o prazer. Sua responsabilidade em ser mãe se restringe às crianças e bebês. Começa antes, até, na própria fecundação, na gênese do novo ser, mas não no seu desenvolvimento como adulto. Oxum também tem como um de seus domínios, a atividade sexual e a sensualidade em si, sendo considerada pelas lendas uma das figuras físicas mais belas do panteão mítico iorubano.

Oxum é ambiciosa; sua cor é cobre com raias de ouro. Segundo a tradição ioruba, seu metal é o cobre – mas a correlação com o ouro não está basicamente errada, pois, de acordo com os historiadores, o cobre era o metal mais caro conhecido naquela região. Oxum portanto, gosta das riquezas materiais, mas não numa perspectiva de usura nem uma mesquinhez de quem quer ter riquezas para escondê-las.

A iniciação (na Umbanda ou no Candomblé) é um nascimento e o poder da fecundidade tem de estar presente, pois Oxum mostrou que a menstruação, em vez de constituir motivo de vergonha e de inferioridade nas mulheres, pelo contrário proclama a realidade do poder feminino, a possibilidade de gerar filhos.

Além disso, o fluir nada fixo da água doce pelos diversos caminhos, a maneabilidade do elemento se manifestam no comportamento de Oxum. Sua busca de prazer implica sexo e também ausência de conflitos abertos – é dos poucos Orixás iorubas que absolutamente não gosta da guerra.

Maternal, carinhosa e muito afeita às crianças, amante da beleza e do adôrno. Também é chamada de Iyálòóde, título conferido à pessoa que ocupa o lugar mais importante entre todas as mulheres da cidade. Seus axés são pedras do fundo do rio Oxum, jóias de cobre, no Brasil, pedras de rio e adornos de metal amarelo. Sua cor e contas, é amarelo-ouro, sua saudação: Ore Yèyé o!!!, chamemos a benevolência da mãe!!!

Qualidades

Existem 16 tipos diferentes de Oxum, das quase adolescentes até as mais velhas, sendo portanto 16 o número sagrado da mãe da água doce. Diz a lenda que as mais velhas moram nos trechos mais profundos dos rios, enquanto as mais novas nos trechos mais superficiais. Entre essas 16, três são marcadas como guerreiras (Apara, a mais violenta, Iê Iê Kerê, que usa arco e flecha, e Ié Ié Iponda, que usa espada), mas a maior parte delas é mais pacífica, não gostando de lutas e guerras, desde Oxum Obotó, muito suave e feminina, até a versão mais velha, a não menos vaidosa Oxum Abalo.

  1. Abalu (a mais velha de todas) - ABALÔ (carrega ogum é uma iansã)

  2. Jumu ou Ijimu (a mãe de todas, estreita ligação com as Ìyámi)

  3. Aboto ou Oxogbo (feminina e coquete, ajuda as mulheres terem filhos)

  4. Apara (a mais jovem e guerreira)

  5. Ajagura (guerreira)

  6. Yeye Oga (velha e enquizilada)

  7. Yeye Petu

  8. Yeye Kare (guerreira)

  9. Yeye Oke (guerreira)

  10. Yeye Onira (guerreira)

  11. Yeye Oloko (vive nas florestas)

  12. Yeye ponda (esposa de Oxóssi Ibualama, guerreira e porta um leque)

  13. Yeye Merin ou Iberin (feminina e coquete)

  14. Yeye Àyálá ou Ìyánlá (a avó, que foi mulher de Ogum)

  15. Yeye Lokun ou Pòpòlókun (que não desce sobre a cabeça de suas filhas)

  16. Yeye Odo (dos perdões)

Arquétipos

  • O arquétipo psicológico associado a Oxum se aproxima da imagem que se tem de um rio, das águas que são seu elemento; aparência da calma que pode esconder correntes, buracos no fundo, grutas – tudo que não é nem reto nem direto, mas pouco claro em termos de forma, cheio de meandros. Os filhos de Oxum preferem contornar habilmente um obstáculo a enfrentá-lo diretamente, por isso mesmo, são muito persistentes no que buscam, tendo objetivos fortemente delineados, chegando mesmo a ser incrivelmente teimosos e obstinados.

  • A imagem doce, que esconde uma determinação forte e uma ambição bastante marcante, colabora a tendência que os filhos de Oxum têm para engordar; gostam da vida social, das festas e dos prazeres em geral.

  • O sexo é importante para os filhos de Oxum. Eles tendem a ter uma vida sexual intensa e significativa, mas diferente dos filhos de Iansã ou Ogum.

  • Os filhos de Oxum são mais discretos, pois, assim com apreciam o destaque social, temem os escândalos ou qualquer coisa que possa denegrir a imagem de inofensivos, bondosos, que constroem cautelosamente.

  • Na verdade os filhos de Oxum são narcisistas demais para gostarem muito de alguém que não eles próprios – mas sua facilidade para a doçura, sensualidade e carinho pode fazer com que pareçam os seres mais apaixonados e dedicados do mundo.

  • Faz parte do tipo, uma certa preguiça coquete, uma ironia persistente porém discreta e, na aparência, apenas inconseqüente. Verger define: O arquétipo de Oxum é o das mulheres graciosas e elegantes, com paixão pelas jóias, perfumes e vestimentas caras.

  • Até um dos defeitos mais comuns associados à superficialidade de Oxum é compreensível como manifestação mais profunda: seus filhos tendem a ser fofoqueiros, mas não pelo mero prazer de falar e contar os segredos dos outros, mas porque essa é a única maneira de terem informações em troca.

  • São pessoas graciosas, elegantes, sensíveis e delicadas. O encanto são armas para conseguir o que desejam, chegam a ser infantis, não recusam nada, premunição, podem ser perigosas, falsas, egoístas, calma, adoram jóias, tendência a perde-las, buscam sempre uma posição social, emotivas, voz suave, independentes, meigas, sorridentes e muitas vez preguiçosas, tem tendências a muitos problemas conjugais e são muito astutas.

Ervas

  • Teté = Bredo sem espinhos

  • Orim-rim = Alfavaquinha

  • Odum-dum = Folha da costa

  • Efim = Malva branca

  • Omim = Beldroega

  • Já = Capeba

  • Ìróko = Folha de loko

  • Pepe = Malmequer branco

  • Teterégún = Canela de macaco

  • Monan = Parietária

  • Jamin =Cajá

  • Tolu-tolu = Papinho de peru

  • Aferé = Mutamba

  • Eim-dum-dum = Folha da fortuna

  • Obô = Rama de leite

  • Omin-ojú = Golfo branco

  • Ilerin = Folha de vintém

Oferenda

  • Omolokum para Oxum

    • Ingredientes:

      • 500g. de feijão fradinho

      • 1 cebola

      • Azeite de oliva

      • 8 ovos

    • Modo de preparo:

      • Cozinhe o feijão fradinho com cebola e azeite de oliva, depois de cozido amasse-o bem até formar uma pasta. Coloque um recipiente de louça enfeite com os 8 ovos cozidos cortados em quatro e regue com bastante oliva.

XANGÔ

Qualidades

Arquétipos

Ervas

Lendas

Oferenda

Teria sido o terceiro Àlàáfìn Òyó - Rei de Oyó -, filho de Oranian e Torosi.Na África sob seus aspectos, histórico e divino. A filha de Elempe, rei dos Tapás, que havia firmado uma aliança com Oranian.Xangô cresceu no país de sua mãe, indo instalar-se mais tarde, em Kòso (Kossô), onde os habitantes não o aceitaram pelo seu caráter violento e imperioso; mas ele conseguiu, finalmente, impor-se por sua força. Em seguida, acompanhado pelo seu povo, dirigiu-se para Oyó, onde estabeleceu um bairro que recebeu o nome de Kossô. Conservou, assim, seu título de Obá Kòso, que, com o passar do tempo, veio a fazer parte de seus oríkì. Xangô, no seu aspecto divino, permanece filho de Oranian, divinizado porém, tendo Yamase como mãe e três divindades como esposas: Oyá, Oxum e Obá.

Xangô é o irmão mais jovem, não somente de Dadá-Ajaká como também de Obaluaiyè. Entretanto, ao que parece, não são os vínculos de parentesco que permitem explicar a ligação entre ambos, mas sua origem comum em Tapá, lugar onde Obaluaiyè seria mais antigo que Xangô , e, por defer6encia para com o mais velho, em certas cidades com Seketê e Ifanhim são sempre feitas oferendas a Obaluayiè na véspera da celebração das cerimônias para Xangô.

Xangô, é viril e atrevido, violento e justiceiro; castiga os mentirosos, os ladrões e os malfeitores, razão do que de sobra, para ser denominado, deus da justiça. Os èdùn àrá (pedras de raio - na verdade, pedras neolíticas em forma de machado), são consideradas emanações de Xangô, e são colocadas sobre um odó - pilão de madeira esculpida -, consagrado à Xangô. Seu símbolo é oxé - machado de duas lâminas - lembra o símbolo de Zeus em Creta. Esse oxé parece ser a estilização de um personagem carregando o fogo sobre a cabeça; este fogo é, ao memso tempo, o duplo machado e lembra, de certa forma, a cerimônia chamada ajere, na qual os iniciados de Xangô devem carregar na cabeça uma vasilha cheia de furos, dentro da qual queima um fogo vivo; e, em uma outra cerimônia, chamada àkàrà, durante a Qua engolem mechas de algodão embebidas em azeite de dendê em combustão. É uma referência à lenda, segundo a qual Xangô tinha o poder de escarrar fogo graças a um talismã que ele pedira à Oyá buscar no território bariba.

Os adeptos de Xangô , em cerimônias, seguram nas mãos o xéré , um instrumento musical utilizado apenas por eles (desde que autorizados), feito de uma cabaça alongada e contendo no seu interior pequenos grãos, que convenientemente sacudido, imita o ruído da chuva. Em algumas situações também usa um làbà - uma bolsa grande em couro ornamentado -, onde guardaria seus èdùn àrà, que lança sobre a terra durante as tempestades. Suas danças são acompanhadas por um tambor chamado bàtá (tem uma forma de ampulheta, com couro dos dois lados de tamanhos diferentes), são pendurados no pescoço por uma tira de couro, e seus tocadores, os olúbatá, que batem com uma tira de couro no lado menor do tambor, para fazer vibrar o instrumento, e com a mão fazem pressões mais ou menos fortes do outro lado, para obter os tosn da língua yorubá. No Recife, seu nome serve mesmo para designar o conjunto de cultos africanos. Suas cores são o vermelho e branco, e sua saudação é: Kawó kabiyèsílé ! - Venham ver o Rei descer sobre a terra!!

Em sua dançá, o alujá , Xangô brande orgulhosamente seu oxé e assim que a cadência se acelera, ele faz um gesto de quem vai pegar num labá (sua bolsa) imaginário, as pedras de raio, e lançá-las sobre a terra.

Qualidades

  1. Dadá

  2. Afonjá

  3. Lubé

  4. Ogodo

  5. Koso

  6. Jakuta

  7. Aganju

  8. Baru

  9. Oloroke

  10. Airá Intile

  11. Airá Igbonam

  12. Airá Mofe ou Adjaos

  • XANGO: AIRÁ (AGOYNHAM); AFONJÁ; AGANJÚ; AGOGO; BARU; ALAFIM
    Alguns constam ainda Oranian, que seria seu pai; Dadá seu irmào, Aganju um dos seus sucessores, Ogodo que segura dois oxés, sendo o seu èdùn àrà composto de dois gumes e é originário de tapá; Os Airá seriam muito velhos, sempre vestidos de branco e usando segi (contas azuis) em lugar dos corais vermelhos, e seriam originários da região de Savê.

Arquétipos

  • São pessoas conscientes de uma suposta beleza, sentimentos ligados a justiça, não admitem serem contrariados, podendo ser violentos e incontroláveis, tendência a obesidade, ligados a mãe, tem poder de liderança, gostam da vida, mas temem a morte, são vingativas, orgulhosas, teimosas, atrevidas, elegantes, gulosos, dorminhocos, são asseados, conquistadores, infiéis, ciumentos, senhores de suas obrigações, as vezes pão duros, não sabem perdoar, mas muito brincalhões.

Ervas

  • Teté =Bredo sem espinhos

  • Orin-rin = Alfavaquinha

  • Odum-dum = Folha da costa

  • Jacomijé = Jarrinha

  • Bamba =Folha de mibamba

  • Alapá =Folha de capitão

  • Pepê = Folha de loko

  • Oicô = Folha de caruru

  • Xerê-obá = Chocalho de xangô

  • Oxé-obá = Birreiro

  • Monan = Parietária

  • Aferé = Mutamba

  • Obô = Rama de Leite

  • Odidí =Bico-de-papagaio

  • Obaya = Beti-cheiroso - macho ou fêmea

Lendas

  • "Quando Xangô pediu Oxum em casamento, ela disse que aceitaria com a condição de que ele levasse o pai dela, Oxalá, nas costas para que ele, já muito velho, pudesse assistir ao casamento. Xangô, muito esperto, prometeu que depois do casamento carregaria o pai dela no pescoço pelo resto da vida; e os dois se casaram. Então, Xangô arranjou uma porção de contas vermelhas e outra de contas brancas, e fez um colar com as duas misturadas. Colocando-o no pescoço, foi dizer a Oxum: "- Veja, eu já cumpri minha promessa. As contas vermelhas são minhas e as brancas, de seu pai; agora eu o carrego no pescoço para sempre."

  • "Xangô vivia em seu reino com suas 3 mulheres ( Iansã, Oxum e Obá ), muitos servos, exércitos, gado e riquezas. Certo dia, ele subiu num morro próximo, junto com Iansã; ele queria testar um feitiço que inventara para lançar raios muito fortes. Quando recitou a fórmula, ouviu-se uma série de estrondos e muitos raios riscaram o céu. Quando tudo se acalmou, Xangô olhou em direção à cidade e viu que seu palácio fora atingido. Ele e Iansã correram para lá e viram que não havia sobrado nada nem ninguém. Desesperado, Xangô bateu com os pés no chão e afundou pela terra; Iansã o imitou. Oxum e Obá viraram rios e os 4 se tornaram Orixás."

Oferenda

  • Amalá para Xangô

    • Ingredientes:

      • 500gr. de quiabo
      • 1 rabada cortada em doze pedaços
      • 1 cebola
      • 1 vidro de azeite de dendê
      • 250g. de fubá branco
    • Modo de preparo:

      • Cozinhe a rabada com cebola e dendê. Em uma panela separada faça um refogado de cebola dendê, separe 12 quiabos e corte o restante em rodelas bem tirinhas, junte a rabada cozida .Com o fubá, faça uma polenta e com ela forre uma gamela, coloque o refogado e enfeite com os 12 quiabos enfiando-os no amalá de cabeça para baixo.

OSSAIN

Arquétipos

Ervas

Lendas

Oferenda

É detentor do segredo de todas as ervas existentes. Cada divindade tem as suas ervas e folhas particulares, mas só Òsányìn conhece profundamente o poder ou axé das folhas. O poder de Òsányìn está num pássaro que é o seu mensageiro. Este pássaro voa por toda parte do mundo e pousa em cima da cabeça de Òsányìn para lhe contar todos os acontecimentos. Este pássaro é um simbolismo bastante conhecido das feiticeiras freqüentemente chamadas de elewú-eiyé, ou seja, "proprietárias do pássaro-poder".

Òsányìn vive na floresta em companhia de àroni, um anãozinho de uma perna só que fuma um cachimbo feito de casca de caracol enfiado num talo oco cheio de suas folhas favoritas.A sua importância é fundamental, pois nenhuma cerimônia pode ser feita sem a sua presença, sendo ele o detentor do axé - o poder - imprescindível até mesmo aos próprios deuses.

As folhas nascidas das árvores e as plantas constituem uma emanação direta do poder sobrenatural da terra fertilizada pela chuva (água-sêmem) e, com esse poder, a ação das folhas podem ser múltiplos, para diversos fins. As folhas como as escamas e penas, são e representam o procriado. Elas representam o "sangue-preto", axé do culto. OSSAIN possui um poder ao mesmo tempo benéfico e perigoso.

O Eye é um pássaro que o representa, o Igbá Òsányin é seu emblema, confeccionado com ferro, e simboliza uma árvore de sete ramos com um pássaro em sua haste central, o ferro reforça a ligação com o axé do preto mineral, e o pássaro é a relação folha-pena e elemento procriado. Nada se faz no candomblé sem este orixá, as folhas sagradas, para tudo se usa, na iniciação há um borí específico para Ossain, a cabeça do neófito é lavada com um líquido composto de folhas associadas a diversos orixás, mas dependentes, em última instância, para seu efeito, da colaboração de Ossain. Há um encarregado de recolher as folhas frescas no mato e prepará-las, é chamado olósàyin.

A colheita das folhas deve ser feita com extremo cuidado, para não destruir a árvore que as dá, e que possam se renovar, seguindo um preceito próprio, para entrar no seu reino, fazer a colheita e prepará-las. Ossain vive na floresta, em companhia de Àrònì, um anãozinho, que tem uma única perna, e fuma um cachimbo feito de casca de caracol. Por causa dessa união com Àrònì, Ossain é saudado "Holá!" - proprietário-de-uma-única-perna-que-como-o-proprietário-de-duas-pernas! alusão às oferendas de galos e pombos que possuem duas patas, feitas a Ossain Àrònì que possui apenas uma perna; razão pela qual no ato se "cravejar" tira-se apenas, uma perna do animal. Suas cores são verde e branco.

Os Oloòsányìn ou Babalòsányìn são também chamados de ònìsegun, "curandeiros" em virtude de suas atividades no domínio das plantas medicinais.Um Babalòsányìn quando vai colher as plantas está num total estado de pureza: abstem-se de relações sexuais, na noite anterior, e vai para floresta durante a madrugada sem dirigir a palavra a ninguém.

Além disso, arreia uma oferenda a Òsányìn na entrada da floresta no intuito de pedir licença, para colher as ervas para seus trabalhos. Ainda ao entrar na mata mastiga durante algum tempo elementos mágicos como obì ou pimenta da costa. As folhas e as plantas constituem a emanação direta do poder da terra fertilizada pela chuva. São como as escamas e as penas que representam o procriado.

O sumo das folhas é também chamado de èjé ewé ou "sangue das folhas" e é um dos axés mais poderosos que traz em si o poder do que nasce e do que advém. No ato de se macerar as folhas, entoa-se cânticos chamados de sàsányin. Suas cores são verde e branco. Quinta-feira é o seu dia consagrado assim como 5 de outubro.

Arquétipos

  • São pessoas frágeis, saúde delicada, esforçados, volúveis, sem ambições, estudiosos, sonhadores, esquisitos e desligados, preservam a liberdade, propenso a homossexualidade, dotados de muita energia, prestativos, carentes desinteressados, ligados a família, mas gostam de viver de forma independente.

  • Pessoas equilibradas e capazes de controlar seus sentimentos e emoções , não deixam suas simpatias e antipatias interfirirem nas suas decisões ou influenciarem suas opiniões das pessoas ou acontecimentos, aqueles que não tem uma concepção estreita da moral e da justiça.

Ervas

  • Ganucô = Língua de galinha

  • Obô =Rama de leite

  • Aferé = Mutamba

  • Tolu-tolu =Papinho-de-peru

  • Monam= Parietária

  • Jamin =Cajá

  • Bala =Taioba

  • Teterégún= Canela-de-macaco

  • Timim =Folha de neve branca, cana-do-brejo

  • Pepé = Malmequer bravo

  • Mariwô=Folha de dendezeiro

  • Awô-pupa= Cipó-chumbo

  • Junçá =Espada de Ògún

  • Piperégún= Nativo

  • Arê-agê = Tostão

  • Simim-simim = Vassourinha

  • Afoman =Erva-de-passarinho

  • Omim= Alfavaquinha

  • Teté = Bredo sem espinho

  • Odum-dum =Folha-da-Costa

Lendas

Oferenda

  • Abacate para Ossain

    • Ingredientes:

      • 1 abacate
      • 500g. de amendoim
      • 250g. de açúcar
      • fumo em corda
      • 7 folhas de louro
    • Modo de preparo:

      • Corte o abacate no meio e tire a semente, coloque as duas parte numa travessa com a polpa virada para cima. Numa panela misture o amendoim e o açúcar e mexa até derreter o açúcar, derrame essa mistura sobre o abacate. Enfeite com pedaços de fumo em corda e as 7 folhas de louro.

XAMANISMO A ARTE DO ÊXTASE

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XAMANISMO
A ARTE DO ÊXTASE

Ana Vitória Vieira Monteiro

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Xamanismo, a Arte do Êxtase
Ana Vitória Vieira Monteiro

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[imagens omitidas neste formato, mas indicadas]


Fonte Digital:
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© 2000-2006 Ana Vitória Vieira Monteiro
maraka@zaz.com.br


ÍNDICE

Xamanismo, a Arte do Êxtase
Agradecimentos
Dedicatória
Introdução da Autora
Começando
A Experiência Extática e o Teatro
A Iluminação e o Cérebro Humano Moderno
O Xamanismo Arcaico
Pajé — Xamã Clássico
No Final, Só os Mestiços Vão Abraçar o Velho Demônio
Mulher Nativa Torna-se Cacique
Xamanismo de Plantas de Poder
Plantas que Perderam o Poder
As Plantas que Não Degeneraram
Princípio Ativo da Ayahuaska
Voltar do Transe
Quem é o Xamã?
Ovnis
Xamanismo Não é Religião mas o Princípio Inspirador Delas
Dom ou Psiquismo
Tipos de Paranormalidade
Os Elementais
“Espírito” ou Energia Auxiliar
Buscar o Animal de Poder
Os Monstros Interiores e a Criação
Fim do Sacrifício dos Animais
O Balanço Vindo do Mar
Adendo
O Balanço
Em Tempo
Conclusão
Breve Histórico De Ana Vitória


Xamanismo,
a Arte do Êxtase

[imagem]

Ana Vitória Vieira Monteiro


AGRADECIMENTOS

Seria impossível fazer este trabalho sem a colaboração dedicada de algumas pessoas que felizmente cruzaram os meus caminhos:

Alleyona
Joaquim de Campos Salles
Lucinha Luz
Rogério Ciryllo Reis
Philomena Lacerda Monteiro — minha querida mãe


DEDICATÓRIA

Dedico este livro ao
grupo PORTA do SOL,
minha razão e motivação
para a elaboração deste livro.


INTRODUÇÃO
da
AUTORA

O enigma da vida e da morte sempre me fascinou. Viver para mim é ser criativa, sempre soube que a minha vida depende desta qualidade. Pergunto-me: por que uma idéia nova em arte ou ciência “salta” do inconsciente, num determinado momento? Qual é a relação entre talento e ato criativo, entre criatividade e morte? Quais foram as primeiras idéias criativas do ser humano? Com que recurso ou técnica contou o nosso antepassado? Com a palavra do Divino? Como os nossos antepassados entraram em contato com o Divino, segundo indicações de seus textos, que o afirmam com tanta segurança? O Divino veio numa nave do céu? Ou foi no céu de sua mente? Muitas perguntas, muitas desconfianças. Devido a este espírito de pesquisadora fui buscar respostas mais precisas, pois foi pela existência destas crenças que as instituições mataram e torturaram durante milênios, afirmando o que “Deus disse”. Pergunto: disse para quem, como e em que circunstâncias? Os livros não possuem as respostas que procurei e procuro.

No alvorecer de uma nova era, em que a tecnologia nos permite ir à LUA, enviar foguetes teleguiados a Júpiter, e anuncia a medicina das clonagens e das interferências no DNA, dos genomas, dos transplantes, dos alimentos transgênicos, indicando que estamos transcendendo limites antes nunca pensados.

O SER HUMANO criando novos humanos — cremos que da mesma forma como fomos criados um dia — é a maturidade da raça humana mostrando sua capacidade fecunda, a de CRIAR raças. Ao chamarmos DEUS de Criador, será o Deus conhecido ou Deus é mais, transcende a criação humana, sendo causa primeira de algo que nem sonhamos? A Humanidade está em vésperas de repensar suas crenças.

A FÉ não é abstrata, ela é calcada em provas concretas, e é a busca desta FÉ perdida em algum lugar de nosso passado que nos impulsiona a retornarmos ao conhecimento de RAIZ, para acharmos como tudo pode ter começado. Pois a pior coisa do mundo que pode acontecer a uma pessoa é ser enganada em sua crença no Divino.

O xamanismo, na figura do xamã ou pajé, é um buscador, sendo o predecessor do pensamento científico. Esta pessoa está longe de ser ingênua, seus métodos e recursos são claros e simples, há muito estuda sobre os mistérios insondáveis da mente e do espírito, contando a quem quiser ouvir que todos temos capacidades mentais e intelectuais que vão além das que estamos usando. Como argumento lógico basta observarmos que o seu pensamento subsiste desde os primórdios até os nossos dias, sem que os mesmos tivessem feito qualquer religião para perpetuá-lo, apesar das constantes perseguições ocorridas na história do mundo civilizado.

Este livro foi escrito a princípio como uma apostila para estudantes de um grupo de estudos da ARTE DO ÊXTASE, voltado para o auto conhecimento, para que os mesmos tivessem uma idéia facilitada da história da transição do xamanismo da floresta para o sistema urbano na América do Sul e especialmente no Brasil.

As anotações em forma de apostila transformaram-se num saite, que uma vez na net, foi aceito por milhares de pessoas da língua portuguesa. A idéia de condensá-lo em um livro editado no mundo virtual foi uma questão quase natural.

Optei primeiramente por tirar as fotos do saite e somente deixei as necessárias para o entendimento do texto, como também achei desnecessário manter algumas páginas que só têm significado no próprio saite. O formato de livro ficou com maior fluidez de leitura, em que compartilho com o leitor diretamente, sem que haja interrupção de mudanças de páginas, nem a pressão da leitura rápida. Na net a informação direta e com imagens é mais desejada, enquanto que no livro, mesmo sendo virtual, temos mais tempo para raciocinar e aprofundar o tema escolhido.

Creio que mesmo que você já tenha visitado o meu saite, irá gostar de ler sobre o mesmo tema com o tempo suficiente que ele pede, pois tenho a esperança de poder compartilhar de um conhecimento antigo quase perdido, nato ao ser humano.

Ana Vitória Vieira Monteiro


COMEÇANDO

Quando NOS distanciamos demais do princípio é hora de voltar para a origem da questão. Estudar o Xamanismo, é conhecer a RAIZ.

Arte do Êxtase ou "ex stasis", termo grego, significa literalmente — "ficar fora" —, "libertar-se" da dicotomia da maior parte das atividades humanas. Êxtase é o termo exato para a intensidade de consciência que ocorre no ato criativo. Não é irracional, é supra-racional, une o desempenho das funções intelectuais, volitivas e emotivas; a experiência com o LUMINOSO, a CONTEMPLAÇÃO do TODO, UNIDADE, ENCONTRO.

O ÊXTASE elimina a separação entre objeto e sujeito, alargando as fronteiras da consciência humana, levando o sujeito à CRIATIVIDADE.

No entanto a vida é dinâmica, não extática, é movimento puro. A harmonia entre o extático e o movimento é o ponto da questão.


A EXPERIÊNCIA EXTÁTICA

e o

TEATRO

O que têm em comum o TEATRO e a experiência extática? — O som, a palavra, a capacidade de representar emoções pelo dom da linguagem da voz humana.

Transito tanto na Floresta Amazônica, como estudiosa do xamanismo, como no Teatro como escritora; e percebi com alegria a semelhança de intenções de um e de outro. Não tenho intuito de ensinar (nada de novo descobri), ou de impor fatos que fundamentem meu pensamento, mas apenas de relatar experiências incomuns aos estudiosos desta igualmente incomum expressão humana — a ARTE.

Nativos sul americanos, habitantes da floresta do Amazonas, criaram a sua ARTE próxima ao que conhecemos como expressão teatral, como uma forma de transmitir seus sentimentos para o grupo, usando a arte para não ofender a sensibilidade de seu próximo.

Criaram máscaras usadas em dias especiais e somente em determinadas reuniões. Dançam e cantam em transe, onde a criatividade aflora e os leva a reclamar ou elogiar uns aos outros, usando danças e cantos belíssimos. É a arte desta delicada maneira de ser nativa — o que chamamos de Teatro eles chamam de A CASA DAS MÁSCARAS, o lugar mais importante e sagrado da aldeia nativa.

Na Grécia Antiga as experiências do êxtase eram chamadas de experiências "extáticas" e estavam vinculadas às declarações proféticas, principalmente no Oráculo do Templo de Delfos, como também nos templos romanos e egípcios, assim como nos dervixes do Islã, em algumas seitas cristãs inglesas e nos “ranter” (ritos de falar com exaltação).

O deus nascido duas vezes, DIONÍSIO, através do transe gerado pelo VINHO NOVO, criou a ARTE da REPRESENTAÇÃO DIVINA, para divulgar AS BOAS NOVAS e ensinar à humanidade as coisas do céu e da terra.

Aos que não tinham acesso ao êxtase, à experiência extática, até então praticada dentro das cavernas pela elite de sacerdotes e bacantes, foi criado o TEATRO, arte praticada até os nossos dias, refletindo o ser humano em sua beleza e diversidade, usada também por instituições religiosas e políticas, para ensinar e impor idiomas, filosofia, costumes, etc...

É inevitável pensar nos nativos com sua Casa das Máscaras, seus deuses da floresta que ensinam tudo o que precisam saber e falam pela boca de um pajé em transe. Da mesma forma que na antiga Grécia, onde Dionísio falava através de seus sacerdotes em transe, criando assim o Teatro.

Nos dois casos temos a presença do transe produzido por uma beberagem, das máscaras e do teatro, com iniciados representando seus papéis, e através deles fazendo suas reclamações, expondo suas dores ou ensinando algo importante. Ou ainda, em situações de crise coletiva divertindo a todos, fazendo-os rir ou voar através da imaginação do que é representado com ARTE.

Podemos estudar como estes fatos se dão hoje, na intocada tradição indígena da Floresta Amazônica. Fatores em comum ainda sobrevivem, ensinando a mesma coisa, através da única forma de ser criativa, a ARTE.


A ILUMINAÇÃO
e o
CÉREBRO HUMANO MODERNO

Para se entender que os nativos, sabedores e dominadores das técnicas do êxtase, não criaram uma civilização da forma como entendemos, precisamos compreender como seus cérebros funcionavam (saber o que comiam, quais eram suas plantas prediletas, e quais partes de seu cérebro eram usadas há milênios atrás — temos pistas deixadas como documentos nas suas ARTES). Como sabemos, viveram e sobreviveram sem necessidade de garantir a própria SOBREVIVÊNCIA como nós; estavam satisfeitos com a sua forma de vida natural e coletiva menos ansiosa, ciente de que cumpriam sua missão com a humanidade. A sua tradição dizia serem eles os guardiões do resto do planeta e que quando eles acabassem o planeta acabaria também.

Num dado momento, seres vindos de outro lugar para as Américas, com todas as características de conquistadores, impuseram seu modo de vida, criando muitas civilizações, com cidades e estradas — como os Incas, os Chan-Chan, os Maias e os Astecas. A maioria dos nativos na época destas conquistas, tanto das civilizações citadas como das que vieram depois da conquista européia, já falavam várias línguas. Da mesma forma é difícil nos dias atuais achar um nativo que não fale pelo menos quatro línguas diferentes, todos têm excelente memória pois a sua cultura é oral. Não se perdem nos caminhos da mata, viajando por longas distâncias, são ótimos anfitriões e têm muito bom humor. Influenciaram o mundo ensinando o colonizador a tomar banhos diários. Em suas aldeias ninguém passava fome ou não tinha onde morar. São pessoas gentis, sofisticadas em suas relações humanas, jamais envergonhando o seu semelhante com palavras ou atos.

Os xamãs ou pajés mantiveram sua identidade apesar das novas culturas que chegavam. Conheciam as ervas que tinham efeito de antibiótico e anestésico, faziam pequenas cirurgias — como também conheciam as artes do plantio de plantas comestíveis e venenosas. Tinham cultura.

Suas crenças e o estado mental do funcionamento de seus cérebros foram fatores determinantes no seu comportamento social, pois viviam em um universo mental de perpétua paranormalidade, onde o supra-real era mais importante que o real. Acredito que deviam funcionar muito no estado ALFA e pouco em BETA, ao contrário de nós, que vivemos a maior parte do tempo em BETA e muito pouco em ALFA.

A maioria dos povos da floresta vive para cumprir uma determinação divina e pinta-se para se apresentar belo para o mundo divino, como os animais.

Hoje sabemos que a iluminação parece produzir uma remodelação no cérebro, re-conectando partes des-conectadas do sistema nervoso. Quando o limiar é transposto, há mudanças na bioquímica celular, resultando na criação de novas terminações nervosas, surpreendendo, acordando e religando tudo num único sistema mental reestruturado. Com a experiência da iluminação aprende-se em poucos minutos muito mais do que em meses ou anos de estudo.

A história do xamanismo no Brasil vem enfaticamente evidenciar, mostrando homens comuns que tornaram-se MESTRES urbanos e influenciaram milhares de pessoas depois de experimentar o êxtase, provocando hoje uma verdadeira transformação cultural nos lugares por onde passaram. Objetivaram seus desejos, transferindo para o mundo material o que viam no astral, aprendendo com o que viam e sonhavam, sem medo de errar e experimentar, para quem sabe, um dia acertar.


[imagem]SALVE PRESENÇAS SAGRADAS
SALVE FILHOS DO SOL E DA LUZ
O MOMENTO DO EN CON TRO CHE GOU!
VEIO AQUI TRAZER SEU REINO DE PAZ E AMOR!


O XAMANISMO ARCAICO

A RAIZ DA PALAVRA XAMÃ — deriva da língua dos povos Tugus, da Sibéria, adotada amplamente pelos antropólogos para se referirem a pessoas de uma grande variedade de culturas arcaicas, que antes eram conhecidas por: pajés, curandeiros, magos, videntes. Embora nem todo vidente, curandeiro, mago ou pajé, seja um xamã.

"Arcaico" vem do grego — significa de “Época Antiga". Aponta a anterioridade e a antiguidade de um princípio inaugural de experiência humana.

Conhecer a história antiga da terra é conhecer a própria história, sendo assim de vital importância para o Brasil preservar o conhecimento xamânico como parte da estrutura genética, pois o saber herdado faz parte do conhecimento do ser e atua vivo na memória genética até os nossos dias.

O desejo constante de alcançar a ARTE do saber e da beleza reflete-se hoje em Brasília, a capital do Brasil, profetizada muito tempo antes de sua construção por Dom Bosco na Itália, considerada pelos latinos como a cidade moderna mais mística da América Latina. Possui inúmeros TEMPLOS de todas as denominações religiosas possíveis (os cultos holísticos são os mais apreciados), destinados a um povo de várias origens; mesmo que professem socialmente credos radicais, no inconsciente coletivo ainda estão presentes as crenças vindas da África e da Floresta.

A Floresta Amazônica é um LIVRO DE FOLHAS SOLTAS e deve ser lido, pois é nela que estão, não só a mais rica reserva biológica do planeta Terra, mas a nossa história ancestral, ainda existem povos indígenas que não foram contatados pelo homem urbano. No Brasil convivem atuando na mente do seu povo o ultramoderno e o arcaico, exigindo hoje que se criem soluções inteligentes para esta realidade social.

A prática xamânica se deu pela primeira vez nos seres humanos antes mesmo que o homem primitivo dominasse completamente a palavra, usando somente vogais. Por esta razão uma das características desta arte é a poesia cantada, que marca a oralidade da própria concepção da linguagem poética, presente tanto nas canções dos velhos xamãs como nos templos de Apolo.

Os xamãs sabiam que a palavra cantada tem um sentido de presentificação, tornando possível romper os limites de suas possibilidades físicas de movimento e visão, entrando assim em contato com novos fatos e mundos, que tornavam-se audíveis, visíveis e presentes através do poder de seu canto.

Estabeleceram pelo poder da palavra, uma relação sutil em diversos planos, entre o nome e a coisa nomeada, trazendo a própria presença dos seres visualizados; passando ou retornando a níveis de consciência que reportam para o princípio da Criação, onde tudo é paz.

Com a comunicação telepática entre os seres imateriais, chega-se à transcendência. No decorrer do tempo é possível dominar este processo, tornando o caminho um conjunto de várias artes como: a competência de curar, de operar milagres, a poesia, a música, a filosofia, envolvendo também a função sacerdotal e a mística.

Na Cultura XAMÂNICA não há qualquer distinção entre o valor de ajudar os outros e ajudar a si próprio, resultando numa grande aventura mental e emocional onde todos os presentes ficam envolvidos em transcender a noção normal e comum que têm acerca da realidade (pois sentem que o que acontece com UM reflete no OUTRO, gerando uma grande reação em cadeia). Variando de acordo com o indivíduo, assim como no mesmo indivíduo, em ocasiões diferentes.

No entanto, O CONHECIMENTO XAMÂNICO só pode ser adquirido através da experiência individual, sendo necessário aprender os métodos a fim de utilizá-los.

Existem apenas duas vias, e no Brasil estas duas vias são muitas claras, com trajetórias muito distintas, sendo as vias do

Xamanismo Clássico

e do

Xamanismo de Planta de Poder

O Xamanismo Clássico vem de lugares onde a floresta não é tão fechada como a Floresta Amazônica, mais perto do mar, das montanhas. Seu uso no meio indígena é milenar, e sempre voltado para as soluções de doenças e problemas psíquicos dos nativos, mesmo nas tribos onde o pajé usa alguma Planta de Poder. O mesmo não se dá com o resto do povo ali existente, é algo mais restrito e muitas vezes secreto, somente nisso difere dos xamãs da floresta.

A organização consiste em vários xamãs pajés da mesma tribo, de diferentes idades e graus de sabedoria. Em geral eles são os guardiões das músicas e das histórias passadas de geração para geração, sobre o nascimento de sua raça.

O pensamento xamânico se introduziu no sistema urbano a partir da entrada de pesquisadores na floresta, levando o telégrafo. Como foi o caso do Marechal Rondon, no ciclo da borracha na época de Getúlio Vargas.

Este fato não foi de todo tranqüilo, causou espanto e surpresa naqueles que se viam chamados para estas práticas, que até então não faziam parte de seu cotidiano de educação européia. Ao mesmo tempo em que os xamãs nascidos na Floresta e nas montanhas se viam compelidos a estudar e aprender as artes alternativas de cura, como os idiomas modernos, para falarem em conselhos internacionais de xamanismo.

Este é realmente o maior fenômeno dos últimos tempos nesta área de Saber: a integração natural das culturas modernas e arcaicas. E o mais fantástico é que o conhecimento não está se perdendo e nem virando outra coisa, continua sendo o que sempre foi, devido à imensa capacidade de adaptação e aprendizado, não sendo rígido como o conhecimento de nossos antepassados europeus.


PAJÉ — XAMÃ CLÁSSICO

[imagem]

Numa de minhas viagens ao estado do Tocantins tive a oportunidade de ir à Ilha do Bananal. Conheci este pajé, que me disse: “quando vi todas as laranjeiras da aldeia murcharem, senti que a NATUREZA assinalou que o meu povo estava com os dias contados... — pois ‘os brancos’ fazem coisas inventivas e os nativos têm a convicção de que estas novidades só trazem sofrimento, portanto não desejam se aliar a este tipo de coisas novas.”

Este é nos nossos dias o pensamento do Pajé dos "Canoas Javaés" que conheci, na tribo nativa da Amazônia. Um dos 64 sobreviventes de um grupo que já foi um dos mais numerosos da América Latina. No ano em que o Brasil comemorou 500 anos, isto é três anos depois desta foto, eles eram somente 14 pessoas. Gentis, inteligentes, falando varias línguas nativas, inclusive o português, viajando muito pelo território nacional. Atualmente pararam de procriar.

O Pajé que foi por mim fotografado é profundo conhecedor de plantas, raízes e ervas; fica estarrecido diante das doenças que desconhece e atingem o seu povo, matando-os dia a dia, como a tuberculose e as doenças sexualmente transmissíveis; estão infectados por causa das cidades que cada vez chegam mais perto.

Este pajé, com suas tatuagens tribais marcando seu rosto, se esquiva sentindo-se desestimulado a procurar e descobrir plantas que os curem das novas doenças, por ver-se ridicularizado pelos doutores que vão ajudá-los, e pelos professores e missionários que pregam que o que ele faz não funciona, fazendo os nativos acreditarem somente nos remédios alopáticos, que não são suficientes para todos.

Ao aceitar as profecias de seus antigos, percebi que os nativos também possuem a CRENÇA de um apocalipce inevitável, que para eles já chegou com a presença do homem civilizado. Não pude deixar de pensar nos europeus ou descendentes deles, também esperando um final, algum dia com uma posterior Salvação. É muito chocante saber que do ponto de vista destes nativos nós brancos somos o mal a ser evitado e o seu próprio fim. Quem está certo?

Consegui pelo menos vê-lo cantar, e neste canto pude notar que lá estão toda a sua raíz e o seu conhecimento, que ele ensinou-me com ARTE. Fiquei reconhecida pela delicadeza do gesto.

Uma história:

Existem muitas controvérsias sobre o que é Xamanismo Clássico.Tentarei resumir — ele é o que abandonou o uso de plantas de poder muito antes de Cabral chegar nestas terras.

Há dois mil anos atrás existiu um herói civilizador Tupi chamado Sumé, que recebeu muitos nomes: o primeiro deles foi Agnã; entre os Guarani é chamado de Nadrú-Mbaecuaá, os Tupinambá o chamam de Uimé ou Sumé.

Entre outras coisas, introduziu o Xamanismo Clássico nestes povos isto é: aboliu o uso de Plantas de PODER e estimulou o povo a somente usar a força mental, os maracás e os tambores, pois as tribos por onde passava usavam plantas que eram extremamente prejudiciais à saúde, sem proveito prático para o dia-a-dia, algumas até venenosas.

O Mestre Sumé avisou sobre o "Grande Balanço" e que este realmente viria. O Grande Balanço ao qual ele se referiu foi a chegada de uma nova civilização neste continente. Hoje notamos que ele tentou preparar o povo para esta virada quando ensinou a todos o poder mental e introduziu o Xamanismo Clássico. Mesmo assim não conseguiu impedir o povo de empreender a caminhada à TERRA SEM MALES, num suicídio coletivo jamais visto antes — trajeto que compreende desde o Paraguai até o litoral brasileiro de São Vicente em São Paulo. Hoje em dia é feito um ritual Guarani para recordar este evento chamado de “A GRANDE CAMINHADA à Terra Sem Males”, que compreende desde a aldeia em Parelheiros até a aldeia de Mongaguá, conhecido como “O Caminho Sagrado da Serra do Mar”.

Tempos depois o anunciado “Balanço” finalmente chegou pelo mar, com muitas caravelas e naus, trazendo soldados, sacerdotes e marinheiros com uma Nova Ordem. No entanto os nativos que ficaram já sabiam que seriam subjugados, muitos se mataram e mais alguns continuam fazendo isso até hoje.

A crença do exterminador é comum em todos os povos, cristãos ou não; parece ser algo inconsciente na memória coletiva de toda a humanidade. Ou talvez esta crença persista porque alguém a profetizou um dia?

Sempre há um fim mas sempre há um novo começo. Se fim ou começo depende do lado em que se está, mas o “Balanço” chegou para todos.


NO FINAL, SÓ OS MESTIÇOS VÃO ABRAÇAR O VELHO DEMÔNIO

No dia 25 de setembro de 1991, na hora zero, eu estava com Kaká Werá Tchukarramãe e mais vinte Guaranis da Aldeia do Jaraguá, quando iniciamos o "Jeroky" — A Cerimônia de Perdão — no meio do Vale do Anhangabaú em São Paulo. Membros da Aumbandan da casa de Xangô junto com os Tupy-Guaranis e Quíchuas concedem a Benção aos seus opressores do passado; ao mesmo tempo em que se reuniam em São Paulo, na igreja São Bento, várias linhas religiosas. No mesmo dia ergue-se uma bandeira mundial: Judeus e palestinos assinam o acordo de Paz.

Assim foi dado o último passo de uma antiga dança que marcou definitivamente a passagem do Xamanismo Clássico Brasileiro para o Xamanismo URBANO.


MULHER NATIVA TORNA-SE CACIQUE

No dia do "Jeroky" foi entregue, pela primeira vez, o cocar de Cacique a uma mulher, mãe de muitos filhos com muitos pais, dando o primeiro passo de uma nova dança comunitária no início da Era de Aquário. Esta Festa indica que os valores humanos são eternos. Esta nativa instintivamente “sabe” que deve preservar a sua descendência de forma tão heróica, tornando-se a GRANDE MÃE para o povo Guarani, como em todas as tradições nativas em que a descendência é de linhagem materna.

”TODOS OS LOUVORES AOS QUE JÁ DERAM e aos que darão OS OUTROS PASSOS DESTA DANÇA” — palavras de KaKá Werá.

Hoje, depois de sete anos, começamos a ouvir suas músicas, as suas histórias e seus ensinos. Os que fizeram isso mais recentemente foram as crianças Guarani, gravando suas canções.

Os Xavantes e os Bororos já haviam feito o mesmo, tentando estabelecer um contato harmônico através da arte. Subindo em aviões, aprendendo o português, usando sapatos e roupas de branco e descobrindo o valor do dinheiro. Neste momento o nativo começa a descobrir o mundo urbano. Achando que somos muitos menos perigosos do que pensavam, mais vítimas de nosso próprio sistema; e, penalizados de nos verem estressados, doentes, querem nos ajudar. Sabem que os nossos antepassados, como os deles, fizeram coisas uns aos outros que ambos querem esquecer, pois nós somos seus descendentes também. Divertem-se procurando no nosso comportamento vestígios de parentesco, e quando acham se alegram e festejam, como quem acolhe um filho pródigo. Esta é a solução para a convivência pacífica.


XAMANISMO

de

PLANTAS DE PODER

As Plantas de Poder ou as folhas da Árvore da Sabedoria que orientam sem que o ensinado se sinta culpado por saber, são aquelas que provocam a transcendência e levam ao Êxtase.

Durante milênios elas foram guardadas como o mais precioso segredo dos sacerdotes e a divulgação destas plantas são um fenômeno específico de nossa Era.

É do costume indígena receber ou intuir os cantos, que nós entendemos por ativação molecular e extrafísica motivada por uma Planta de Poder, cantado em situações difíceis, ou especiais.

Tanto é verdade que estes cantos no universo urbano são chamados de “recebidos”, nunca “compostos” por alguém. Numa aldeia nativa tudo vem dos “espíritos” nada é de direito deles próprios.

A América do Sul, sem dúvida alguma, detém um virtual monopólio de plantas que produzem, induzem e alteram o estado da consciência; sendo tão diversificado o seu uso que não teríamos como relatar numa simples narração.

O conhecimento do xamã a respeito destas plantas não pode de forma alguma ser ignorado. Em vários lugares do mundo elas existem, e sempre nos surpreendemos com a diversidade de seu uso pelos nativos.

Cada grupo tem uma planta de poder, dependendo da região em que vive, diferindo no uso do nome dos outros grupos, e este tem sido o seu segredo. Muitos povos jamais vão contá-lo de forma nenhuma, pois está aí o segredo de suas vidas e o porquê de uma cultura permanecer tanto tempo convivendo com as divergências do mundo atual.

Em alguns casos mesmo que a planta seja revelada, a sua mística não é, como por exemplo a Waichuma, que nasce nos Andes. Difere das demais por não “pedir” som, cantos, palavras, como a Ayahuaska, natural da Floresta Tropical Amazônica.

O que elas ensinam afinal?

Estas plantas no seu geral mostram de forma clara que o mundo está sempre em perpétua transformação, que o ser humano tem uma função especial neste planeta, e nos dão a referência de que um dia todos seremos levados de volta para nosso lugar de origem espiritual.

É quase a mesma coisa que as religiões ocidentais pregam, com uma diferença: — Os que delas se servem SABEM QUE NÃO SÃO OS ÚNICOS CONHECEDORES DA VERDADE, esta informação pode ser encontrada por todos. E por esta razão não saem em pregação pelo mundo.


PLANTAS QUE PERDERAM O PODER

Por que uma planta perde seu Poder? — Porque perde seu rito, ou seja, sua tradição, o seu canto original. No uso diário indiscriminado, em que o corpo assimila e resiste ao seu efeito transcendental, passando a alterar somente o humor e a sua disposição geral.

Desgasta-se, perdendo o Poder transcendental ao ser domesticada e misturada com outras coisas, tornando-se saborosa ao paladar. Como o Café, que atualmente pode ser ingerido em grande quantidade causando, no máximo, insônia e excitação.

O Tabaco e o Chá mate perderam também sua força. Quando estive em Cuba pude ver a imagem símbolo dos nativos que cultivavam o tabaco e foram exterminados. Depois disso a humanidade passou a ser escrava de algo a princípio sagrado, que tornou-se um vício mortal, preço pago pela violação, como a coca nos Andes e o açúcar. O mesmo ocorreu com as folhas de Louro, tão populares nos Templos de Apolo, usadas pelas Pitonisas. O último a usá-las adequadamente foi Nostradamus. Hoje em dia são utilizadas apenas como condimento nas cozinhas de todo o mundo, assim como a casca da Noz Moscada. Quem sabia como usar e invocar o seu Poder, presente nos idos de 1500, eram os nativos, naturalmente.

Na mesma época, os Alquimistas, animados com os progressos que alcançaram, criaram o Álcool Destilado, na busca de achar algo mágico. Da mesma forma como hoje os cientistas estão atrás de criarem artificialmente algo transcendental e acabaram criando os grãos transgênicos, que não se reproduzem como os grãos naturais.


AS PLANTAS QUE NÃO DEGENERARAM

As plantas de Poder que não degeneraram (não são muitas) diferem em muito dos alucinógenos criados pelos laboratórios químicos existentes no mundo urbano, por várias razões. A principal delas é o rito, a presença dele, a forma como é feito, eliminando qualquer prejuízo a quem delas se serve corretamente — é o que determina ou não o sagrado e os ensinamentos provenientes de seu autocontrolado uso, mesmo por nativos na selva, sendo que nem todos eles podem tomar. Em algumas tribos somente o pajé; em outras ele e os seus amigos, e nas mais liberais somente os homens. O xamanismo inovou no sistema urbano ao permitir a presença das mulheres.

Mesmo que um princípio ativo de uma planta esteja contido num produto químico, ele poderá agir quase igual a planta, mas não fará o mesmo efeito, pelo simples fato que TRANSE e ALUCINAÇÃO são coisas diferentes. O primeiro traz informações verdadeiras e úteis; o segundo apenas mostra imagens e sons fora de sintonia com a realidade, criados pela imaginação.

Alguns antibióticos produzem alucinações (o princípio ativo presente às vezes é semelhante ao da planta, mas no caso dos remédios são misturados com outros componentes químicos no mesmo preparado, mudando tudo. Por isso os chamamos de drogas, mesmo que necessárias, drogas de drogaria de farmácia). É o caso dos anabolisantes, que criam dependência; sedativos e estimulantes — são DROGAS quando misturadas com álcool, tornando-se fonte de dor e sofrimento para muitas pessoas.

Poucos cientistas e pesquisadores hoje em dia conhecem os segredos das Plantas de Poder. Seus cantos, sons e gestos, parecem funcionar como chaves para abrir os PORTAIS da mente, quando esta se encontra em estado Alfa. Estamos aprendendo o que fazer com elas, coletando dados de observadores dedicados e capazes de fazer uma análise objetiva. Muitas informações deverão ser trocadas por mais uns 10 anos, e não podemos prescindir das informação do xamã.

Tratando-se de plantas especiais, pois operam num nível mais sutil da natureza, o cuidado do nativo é redobrado; colhendo e preparando de maneira especial, como os produtos Homeopáticos e os Florais de Bach. Lembro-me que meu bisavô receitava Homeopatia no princípio do século passado e era chamado de “médico espírita”. O que já não acontece hoje em dia, quando tanto a Homeopatia como a Psicologia e a Acupuntura são reconhecidas como Ciência.

A energia das Plantas de Poder, de forma geral, tem a capacidade de expelir do corpo humano substâncias estranhas a ele. Entendendo como estranha qualquer entidade ou energia que não faça parte do universo natural do corpo humano.

A natureza das Plantas de Poder é essencialmente transformadora, agindo de forma tríplice. Assim é no plano material, imaterial — astral, etéreo — fluído, invisível; ensinando a regeneração do ser humano no plano espiritual, fortalecendo a vontade, e enobrecendo todas as faculdades anímicas. Tão úteis e necessárias como as Plantas de Poder Alimentar, capazes de transformar em horas a química do corpo.

Há muito pouco tempo a política de pesquisa no Brasil vem se desenvolvendo, dando atenção à sua reserva florestal como um BEM, que o nativo vê como VALOR (temos de nos orgulhar por eles terem preservado este conhecimento...) para nós. Isso sem falar das plantas que crescem no fundo das cavernas, dos rios e dos mares. Muito ainda teremos que APRENDER em como nos relacionarmos com PODEROSO REINO VEGETAL.

O xamanismo de Planta de Poder espiritual é muito variado, sendo impossível enumerá-lo.O dado mais importante é o que se refere à linguagem cantada, e à língua em que é cantada.

Vamos nos deter apenas na AYAHUASKA, que é a planta MESTRA de todas as plantas da Floresta Amazônica (apesar de existir outra, mas que ainda permanece secreta, e acredito ficar assim por mais tempo do que imaginamos pensar).

PLANTA MESTRA é a que tem o Poder de revelar (contar, falar, comunicar) ao xamã como agem outras plantas quando misturadas a ela. Justifica-se este respeito uma vez que a selva é cheia de mil plantas venenosas e é a Ayahuaska que faz o papel do laboratório de análise avançada, ajudando a distinguir as plantas de cura e as comestíveis, daquelas mortais.

Daí vem o hábito (assimilado pelo caboclo ao ver o xamã misturar plantas no chá da Ayahuaska), de fazer o mesmo. Mas os caboclos não sabiam, como a maioria continua não sabendo, que essa ação consiste apenas num teste, não sendo uma norma para todos e nem uma prática usual...


PRINCÍPIO ATIVO DA AYAHUASKA

O cipó, Banisteriopsis Caapi. Contém: beta-carbolina, harmina, harmalina, e tetrahidroharmina .

A chacrona, Psychotrias, e Diplotes cabreana. Contém: Alcalóide alucinógeno N-dimetiltripamina DMT, substância que tomada sozinha ou por via oral é inativa devido à atuação da Monoamina Oxidasse MAO. As análises mostram que, embora as beta-carbolinas encontradas nos preparos estejam em doses demasiadamente baixas para mostrarem suas propriedades alucinógenas, elas parecem desempenhar um papel na inibição da MAO, livrando assim o DMT de sua ação e permitindo-lhe manifestar suas propriedades psicotrópicas.

Podemos notar pela composição das plantas que a AYAHUASKA cura a depressão.

Ayahuaska não vicia e nem cria dependência física ou psíquica, como os remédios para convulsões ou antidepressivos.

Não há nenhum impedimento legal por parte da SECRETARIA da SAÚDE.

O chá da chacrona e do cipó age como facilitador, colocando o cérebro pronto para trabalhar com velocidade máxima, em estado CONSCIENTE ALFA.


VOLTAR DO TRANSE

É possível interromper o processo cerebral bloqueando a ONDA ALFA, através de exercícios de atenção ao mundo exterior com o balançar do maracá (hoje na cidade pode ser a palavra escrita no papel dos hinários), respirando profundamente e voltando em etapas mentais (algumas vezes ansiosos se projetam muito rápido para níveis profundos e não contam que deveriam fazer o caminho de volta lentamente).

Esta é uma das razões pela qual o xamã não aconselha a misturar nenhuma outra planta ao chá. O ideal mesmo é o jejum e estar acompanhado de alguém em quem se possa confiar (o xamã em geral tem sempre três ou quatro amigos por perto), em lugar seguro e tranqüilo, e com a firme intenção e desejo de “ATRAVESSAR A PONTE”, que após a travessia irá ser QUEIMADA. O iniciado deve ter consciência de que se trata de um caminho sem volta.

No xamanismo arcaico há um hábito fortemente enraizado em todos os xamãs: o de não revelar nada enquanto a outra pessoa não perguntar diretamente, deixando o aprendiz descobrir sozinho; até que este tenha a humildade de se colocar claramente como uma pessoa que DESEJA APRENDER.

Quando isso ocorre ele aceita o aprendiz, e entre eles irá se estabelecer uma cumplicidade gerada na confiança mútua. Qualquer quebra de postura ética do aprendiz com o seu MESTRE levará ao afastamento automático, sem maiores explicações.

O xamã sabe que as pessoas são o que são, se for possível haver alguma transformação profunda é somente porque a pessoa em questão REALMENTE deseja.


QUEM É O XAMÃ?

O XAMÃ é aquele que consegue entrar, manter-se, e sair dos estados alterados de consciência; trazendo ensinamentos e curas para si e para os outros, com técnicas exclusivas, tendo à sua disposição espíritos, seres ou entidades, que quando chamados o atendam prontamente.

Conhece a Lei do Som, das vogais comuns a toda a humanidade, como força criadora de tudo o que existe na Terra. Reconhece a evolução da linguagem como meio de comunicação, levando à compreensão da realidade, ampliando os limites das fronteiras da mente.

Não se nasce Xamã — torna-se, pois não é uma profissão, como ser médico, em que se pode desistir quando queira. Não se é xamã por indicação, convite ou oportunismo, na realidade não se decide ser xamã.

Existem algumas referências naturais como justificativas que o confirmem:

1 — Ter antepassados com este dom (entendo que deva o candidato ter maior probabilidade pela força da genética), que no decorrer da vida deverá se manifestar, confirmando-o como herdeiro do DOM;

2 — É considerado como sinal quando o nativo se auto-cure ao passar por uma doença grave.

3 — Ser aceito como discípulo de um pajé ou xamã mais velho, que irá lhe ensinar algumas técnicas.

Ser um xamã não é, como em nossa sociedade urbana, ser um professor, terapeuta, um médico especialista que faz diagnósticos e receita ervas, indo depois da consulta para casa ou clube do bairro, ou ainda um bom ouvinte dando palpites. O XAMÃ CURA algo específico com um dom (para-normal), tem uma arte e a domina.

Estava eu em Tocantins visitando a reserva indígena quando um amigo mencionou que lá vivia um pajé muito bom. Quis conhecê-lo. Cheguei na sua casa, perto de uma árvore frondosa e muito antiga. Perguntou-me: O que você quer? Respondi: desejo me libertar de um pensamento insistente, que me tira a paz (uma paixão não correspondida). O pajé sorriu, pegou o maraká, chacoalhou várias vezes em volta da minha cabeça e disse: Está pronto, pode ir. Perguntei: “Só isso?” Respondeu: “Só”. — E nunca mais pensei em tal pessoa — O dom dele era este, tirar coisas da cabeça dos outros.

Numa outra vez recebi em minha casa a visita de um xamã andino da Ayahuaska. Entre uma conversa e outra mencionei a ele que todas as vezes em que tomava o “chá” sentia um certo medo e isso me incomodava muito. Ele sorriu e disse: — “Não é nada.” Em seguida sentou-se no chão e cantou uma breve canção, com palavras em português, chipiu, tupi e quíchua — nunca mais senti esse medo.

Com estes exemplos demonstro ser o grande xamã aquele que tem um dom específico, pessoal e intransferível, o que o difere das nossas profissões acima exemplificadas. Na nossa cultura o que mais se aproxima dele é o médium, o para-normal, mas mesmo assim é diferente, pois o xamã não depende somente dos espíritos ou elementais, ele os interioriza tornando-os parte de seu ser, como qualidades SUAS.

Convém citar que numa aldeia existem, além do xamã ou pajé, os raizeiros, e também os aprendizes de raizeiros e amigos do xamã, assim como existem os muito velhos que somente trabalham se quiserem e são consultados em alguma dificuldade. Interessante que quando morrem, nenhum nativo diz que morreram, mas que viajaram e vão demorar a voltar.


OVNIS

Tempos depois surgiu um segundo convite para ir passar uns dez dias numa tribo indígena da Ilha do Bananal, quando eu estava na capital de Tocantins, cumprindo um calendário de palestras e oficinas sobre criatividade.

Aceitei prontamente, primeiro por poder rever o meu amigo pajé, depois por lembrar-me de minha infância, quando ouvi falar pela primeira vez desta ilha — foi no jornal, o presidente Juscelino Kubichek tinha ido visitá-la, com o repórter informando em destaque que esta era a maior ilha fluvial do mundo. Alguma coisa no meu peito palpitou, a sensação de estar no coração geográfico do Brasil fascinou-me, fato que havia esquecido da primeira vez em que lá estive.

A viagem foi de carro, partimos da capital Tocantins, cheia de pó vermelho, recém construído; o termômetro assinalando mais de 40º graus de temperatura. O interior da Amazônia, com árvores frondosas e rios de águas cristalinas me parecia realmente o paraíso.

Ficamos acampados numa pequena ilha dentro da grande ilha, em frente à aldeia, o que muito preocupou o cacique, pois eu não sabia nadar e desta vez a temporada seria maior. O rio cheio de jacarés, piranhas e botos — era lá que os botos tinham seus filhos, eles ficavam quietos o dia todo e à noite cantavam ou gritavam sem parar. Tudo muito lindo não fosse a presença dos mosquitos que invariavelmente chegavam ao fim da tarde em bandos e acabavam de passar só depois das 21horas, picando a todos. Tentei usar urucum, um repelente natural nativo — não deu. Lancei mão dos artificiais que havia trazido comigo — não adiantou. Tudo o que consegui foi ficar com a pele vermelha como a dos nativos, que não tinham dúvidas do meu parentesco com os Mudurucus, o que muito me divertia e facilitava a vida lá, pois assim eu era aceita como um deles. Um detalhe: todas as vezes que vou a uma tribo tenho o cuidado de pintar meu cabelo de preto para não ficar muito diferente do clima da moda local; da mesma forma clareio mais os cabelos quando vou à Europa. Como um camaleão que muda de cor, como diria minha mãe.

Depois do jantar, como costume local, todos nós fomos nos deitar no chão de barriga pra cima olhando o céu, que estava coberto de estrelas, e conversávamos um pouco, coisas triviais. Num dado momento não me contive e perguntei ao cacique, que estava sentado num toco ao meu lado:

— “Todos os dias vocês ficam vendo as estrelas aqui?”

Respondeu:

— “Sim é muito bom isso.”

Continuei confiante:

— “Dá para ver tudo o que se passa no céu, até os aviões, não é?”

Indiferente ele respondeu:

— “É”.

Continuei:

— “O senhor já viu alguma coisa brilhante de várias cores piscando lá em cima?”

Sem se alterar ele disse:

— “Já”.

Incrédula e rápida:

— “Disco voador?”

Ele: — ”É”.

Eu: — “O senhor já viu disco voador?”

Ele: — “Já, (apontando para a curva do rio) eles gostam de aparecer lá, de madrugada.”

Não precisa nem dizer que passei a noite na curva do rio. O pajé que me fez companhia contou que os OVNIS eventualmente descem nas aldeias trazendo sementes para eles jogarem na selva, que são muito parecidos com os humanos e falam a língua deles. Notei que os nativos não os confundem com deuses vindos do espaço, na realidade os vêem como amigos que nunca fazem mal a eles (diferindo dos nativos brancos do planeta). Perguntei sobre a razão das sementes, ele disse achar que elas são para cura de doenças. Insisti para que ele me mostrasse uma, alegando que sofria de artrite e desejava ser curada. No dia seguinte ele foi comigo até perto de uma árvore, cavou um buraco pegando uma raíz e me ensinou a fazer um chá.

Vencendo minha timidez perguntei pelo pajé Canoa-Javaé e soube que já tinha ido embora dali.

Quando cheguei em São Paulo fiz o chá como ele me ensinou e tomei em doses diárias. Nada alterou de fato, tive que admitir para os meus filhos e amigos ser uma pessoa muito crédula e esqueci o fato, pois continuei sentindo os progressos da doença. Algum tempo depois apaguei este fato da memória, mesmo após os sintomas terem desaparecido. Fui fazer exame médico de rotina e por curiosidade pedi para verificar como estava a bendita artrite. O exame demonstrou que eu nada tinha, estava curada, depois de quatro anos da conversa na curva do rio.


XAMANISMO NÃO É RELIGIÃO
MAS O PRINCÍPIO INSPIRADOR DELAS

O xamanismo se perpetuou por nunca ter saído da idéia original que o gerou, permanecendo FIEL, não esperando fidelidade mas sendo ele próprio FIEL à crença que abraçou. É considerado como prática dominante em todos os lugares onde a experiência do êxtase é realizada como uma experiência religiosa por excelência.

FILOSOFIA XAMÂNICA

Cada tribo indígena tem sua história a respeito de seu nascimento na TERRA, cada uma delas sabe somente de sua própria origem, sem universalizá-la, ficando restrita à família daquele grupo de pessoas, com os mesmos hábitos e a mesma língua.

Os xamãs são guardiões do cumprimento desta determinação milenar. Podemos entender também porquê surgem e desaparecem.

Quando alguém oriundo de um povo mestiço como o Americano, herdeiro de várias culturas, deseja voltar-se para o xamanismo, é natural que queira saber qual é a sua verdadeira origem, sua missão na terra. Para os xamãs esse acontecimento é um fato novo, e também eles desejam saber como isso vai ficar.

Dizem que isso faz parte do BALANÇO natural, o que nos leva a crer que seja equivalente ao sentido que damos ao APOCALIPSE — transformação de uma forma de pensar, de ser e de viver. Não são tão românticos a ponto de achar que DEUS virá numa nuvem de fogo julgando a tudo e a todos; crêem que o BALANÇO se concretiza aos poucos, pois a natureza humana não dá saltos nem pula etapas. Sabem que não são somente eles que irão deixar de ser necessários na TERRA. Muitas outras civilizações e línguas também estão desaparecendo diariamente, como foi um dia com o latim, o grego arcaico, etc..., sempre foi assim em todas as mudanças anteriores pelas quais o mundo passou.

O novo mundo continuará a se fazer devido ao SOM. Esta mudança está sendo processada a partir dos SONS emitidos pelos SERES HUMANOS, que são verdadeiros PORTAIS de um mundo de LÁ e de CÁ — do consciente e do inconsciente — do manifesto e do imanifesto — do visível e do invisível.

Por esta razão os cantos indígenas são tão importantes. (Os nativos sabem que as palavras são energias transcendentes. Ao analisar o seu significado, sabendo de qual tribo vieram, eles compreendem qual será a tônica espiritual desta nova ordem). É maravilhoso que o seu SOM continue se integrando UNIVERSALMENTE — pois desta forma sentem que estão dando sua contribuição ao mundo e garantindo o futuro de novas gerações na TERRA.

INTRODUÇÃO ao PENSAMENTO ARCAICO — a LEI

O xamanismo arcaico é a mais antiga das ARTES. Como ARTE? Perguntamos espantados — e o velho xamã responde que o xamanismo é ARTE porque une técnica, inspiração, intuição e beleza, e que ficou conhecida como a ARTE do ÊXTASE regida pela LEI.

A LEI da NATUREZA

Tudo que nasce, morre e se transforma — ninguém escapa a esta LEI.

Podemos nos preparar durante a vida todos os dias para aceitarmos o inevitável, mas é certo que vamos todos morrer. A aspiração máxima do xamã é fazer esta passagem consciente e em paz. Ele acredita na transmigração da alma, o que fica evidente através de seus contos tradicionais.

— 1 —

O LIVRO SAGRADO xamânico é a NATUREZA — A cultura xamânica se baseia na NATUREZA e os seus sinais são lidos e interpretados como sinais da vontade divina, tendo o SER HUMANO como parte da criação desta mesma NATUREZA, onde nada é bom ou mau — somente É, e se o É, é por ser necessário, pois a NATUREZA jamais é inútil.

A justiça é feita através de um conjunto de LEIS que buscam manter a harmonia. A infração da harmonia gera o caos (como a destruição e o abuso do uso sistemático das árvores e dos animais, que prejudicam o ar respirado e o planeta, transferindo a natureza destes para o nosso corpo).Isso coloca a nossa descendência no perigo da autodestruição, uma conseqüência da vontade humana.

Esta questão esclarece algo muito importante sobre o pensamento arcaico do xamã Sul Americano. Ele não pretende estabelecer uma nova ordem no mundo, mas preservar a ordem já existente.

Estabelece relação com a NATUREZA e respeita as LEIS, (causa e efeito — atração e repulsão — de semelhança — de oposição) como naturais da Criação no Planeta Terra; intuindo e percebendo o efeito da real-idade do PODER da NATUREZA e da sua LIBERDADE para agir.

Diante disso, as sociedades arcaicas no correr dos Tempos, ao fazer agrupamentos organizados com chefias conhecidas, criaram a religião da DEUSA (da Terra), introduzindo regras criteriosas (as regras acima mencionadas), para as relações espirituais às ações voluntárias do ser humano. Os nativos andinos adoraram a mãe Terra até a chegada dos Incas, que introduziram a adoração ao Sol como Deus único, urbanizando os nativos andinos. A cultura Inca tinha na palavra o sentido do Poder, pois somente os cortesões íntimos dos Incas sabiam a língua da casa imperial e com eles falavam, que não era o Quíchua comum — língua que impuseram ao povo conquistado.

Da mesma forma Pizarro impôs a língua espanhola depois, criando a religião do DEUS centrado no ser humano, com regras de diferentes critérios para as relações materiais, baseados na linguagem, iniciando um novo mundo, o da civilização da palavra escrita, onde a arte de raciocinar é reduzida à linguagem. Com divergências religiosas ou filosóficas, devido à corrupção instalada no seio dos sacerdotes, gerando antagonismos e levando às mais cruéis guerras religiosas.

Atualmente temos um novo e histórico desafio, "o combate à corrupção”, ou à palavra mentirosa, (para os Incas mentir era crime passível de pena de morte). Provavelmente teremos outros mais, como por ex. aprender qual será a linguagem dos seres que inevitavelmente encontraremos no espaço através das naves que sobem das estações de lançamento dos foguetes. A linguagem, a comunicação — será novamente fator determinante, e estes novos sons irão ampliar a nossa consciência, dando novas dimensões à estrutura do pensamento humano.

— 2 —

LEI DA MISERICÓRDIA SEM CAUSA — que nos leva a receber, mesmo sem que tenhamos mérito algum, somente porque o DIVINO quer.

Esta LEI é baseada na ausência de julgamentos, bastando o ser humano exercer o seu Divino direito de se render, entregando-se ao seu Criador, e pedir, que tudo lhe será dado.

— 3 —

As últimas culturas arcaicas estão finalmente se integrando ao sistema urbano e vice e versa, ambas começaram a transformar-se no alvorecer desta nova ERA, o que deverá gerar uma nova cultura, baseada numa nova filosofia — a FÉ e o amor à verdade.

Muitas águas AQUARIANAS vão rolar até que os peixes que as habitam se multipliquem e as águas contidas neste AQUÁRIO sejam devolvidas ao rio, fazendo sua trajetória e integrando-se no mar. Depois iniciando tudo outra vez, trazendo novas revelações.

Enquanto isso o xamã atual continuará buscando no transe aprender qual lei rege o mundo. Depois desta interminável busca, irá acender uma fogueira e se aconchegar no ÊXTASE de adoração à DIVINA NATUREZA de D"EUS"A...que tudo criou.

Por esta busca o pensamento xamânico não morre, pois é cultuado no Templo da NATUREZA, é indestrutível. O SOL onipresente tudo vê, invocado pelo xamã como testemunha natural de que esta é a LEI.


DOM
ou
PSIQUISMO

Termo usado para designar, de modo vago, todo tipo de fenômeno mental, isto é, a mediunidade, a sensibilidade, a receptividade.

O primeiro de todos os dons é O CANTO, que é O SÍMBOLO DA LETRA QUE UNE A POTÊNCIA CRIADORA À SUA CRIAÇÃO.

Deus criou o mundo com o SOM

Os seres humanos são iguais na sua condição humana; diferentes na manifestação de seus talentos e na opção que fazem ao usar o SOM de sua voz, tendo semelhantes facilidades para se expressar.

Qual força mobilizou o homem arcaico a contar em verso e desenhar as histórias dos deuses? Super QI, genialidade ou paranormalidade? Que o levou a invocar, cantar, presentificar com palavras cantadas as forças vindas, muitas vezes de "lugares" que são "chaves", verdadeiros signos-sinais que desencadeiam ou repelem?

Sobre a MEDIUNIDADE: O médium Chico Xavier dando entrevista na televisão disse algo: "— Perguntei ao meu mentor porque eu mediunisava — o mentor respondeu — Se perguntarmos à laranjeira por que ela dá laranjas, ela vai parar para tentar achar a resposta e provavelmente nunca mais dará laranjas."

Pergunto: Para além do normal, um atleta olímpico é um paranormal?

Um cientista, um artista é um paranormal?

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FOTO KIRLIAN de uma PARANORMAL
PARANORMALIDADE, também denominada de mediunidade, hipersensibilidade; é uma faculdade sensitiva, extrafísica ou hiperfísica. Refere-se à percepção das coisas,freqüências, estímulos ou fenômenos do plano astral, mental, ou até mesmo do material, que não sejam captados pelos órgãos físicos como visão, audição, tato etc.

SENSITIVO — conhecido ainda como paranormal, médium ou hiperfísico. É todo o indivíduo que, de alguma forma, desenvolveu a sua capacidade de percepção, ultrapassando os limites comuns.

A paranormalidade pode ser de caráter transitório ou permanente — Pode ser consciente, semiconsciente ou inconsciente — O sensitivo pode dominar todo o processo sozinho, como apenas parte dele, ou ainda pode acontecer de o controle da manifestação estar nas mãos de outras pessoas.


TIPOS DE PARANORMALIDADE

Os nativos têm estes dons muito ativados — sem eles não poderiam ter sobrevivido no ambiente selvagem da floresta

Telepatia — Faculdade onde o sensitivo mantém comunicação com outra pessoa à distância. Pode também se comunicar com espíritos, elementais ou "coisas". Na realidade entende a linguagem do pensamento alheio e pode dialogar com ela.

Clariaudiência — é a captação hiperfísica nos ouvidos humanos, podendo serem ouvidos até sons de outras galáxias.

Clarividência — O sensitivo consegue ver o que se passa em outros planos, como seres ou "coisas" que dele se aproximam no campo astral.

Psicometria — Captação pelo toque das mãos em qualquer objeto ou superfície.

Inspiração — O sensitivo consegue captar idéias que fluem pelo espaço, dentro de uma vibração semelhante à sua.

Intuição — É a manifestação vinda do Mestre Interior.

Incorporação — Manifesta-se outro ser através do movimento do corpo, podendo haver também uma manifestação simultânea de clariaudiência e de clarividência.

Desdobramento — Saída do corpo físico.

Bilocação — Desdobramento visível em dois lugares.

Tiptologia — Comunicação com outros planos através de batidas e sons não existentes no local.

Levitação — Levantar-se do chão.

Transporte — Locomoção de coisas de um universo para outro, ou de um lugar para outro.

Transfiguração — Mudança de aspecto físico

ORIENTAÇÃO e ADIVINHAÇÃO — Arte essencialmente arcaica de diagnóstico geral e orientação ou auto-orientação, na qual consulta-se o oráculo para uma infinidade de questões; desde decidir se uma mulher tem chance de engravidar até resoluções de guerras — existem mil maneiras de se conhecer uma pessoa e a vida que ela tem, teve e terá:

LEITURA CORPORAL — Através de seus traços, gestos, gosto no vestir e modo de falar.

FOLHAS — Leitura a partir do modo como se dispõem as folhas ao serem jogadas.

O mais antigo deles é a leitura a partir das vísceras de animais.


OS ELEMENTAIS

São forças da natureza, todas elas, tanto vegetais como minerais e também seus elementos: fogo, terra, ar e água, todos têm inteligência e obedecem a uma ordem específica. Por esta razão conseguem se comunicar com a mente humana quando esta se encontra conectada a eles em um nível de onda compatível. O conjunto destes ELEMENTOS com todas as suas inúmeras formas de diferenciação chama-se ELEMENTAIS.

AS PEDRAS pertencem ao ELEMENTO TERRA — RESPONDEM TUDO O QUE LHES FOR PERGUNTADO.

PEDRA DE PODER — Pedra bruta caída do céu. São pedras que trazem uma ou várias mensagens, por isso são chamadas de "falantes".

A pedra cônica representa o poder masculino — A pedra cúbica representa o poder feminino.

Fazer rito com uma Pedra de Poder é comunicar-se com a divindade do lugar de onde aquela pedra veio, sendo chamada de Pedra da Terra Mãe.

Muitos povos têm na sua Tradição a crença de que são descendentes da pedra caída do céu. Nestes casos, esta pedra fica plantada debaixo do Tótem.

As pedras de Quartzo são instrumentos de clarividência dos xamãs, tornando-se oráculos. Os ALIADOS dos reinos da natureza extraem seu poder do SOL.

Como qualquer forma de vida, as pedras têm som (linguagem). Até mesmo as formas do mundo inorgânico — os cristais — possuem som, pois suas estruturas são dominadas por números, que podem formar consonâncias inaudíveis aos ouvidos humanos, que ainda não dispõem de tecnologia suficiente para ouvi-los...

É como no passado falar-se de bactérias, quando ainda não haviam inventado o microscópio. O simples ato de lavar as mãos antes e depois de uma cirurgia levou tempo para ser implantado no meio médico. O que não impediu Paracelso (nascido em 1493 na Suíça com o nome de Philippus Teophrastus de Hohenheim — apesar de ser mulher, como ficou comprovado no exame de seu cadáver — médico, professor de medicina, responsável por separar a arte de curar da superstição popular, morreu em 24 de setembro de 1541) de criar o Mertiolate e o iodo, o que resultou numa grande indústria antes de 1500, quando o avanço tecnológico moderno era a descoberta da caravela.

Como um adolescente comum iria falar de realidades como os submarinos, ônibus espaciais, bomba atômica, DNA, genoma, transplantes de órgãos em humanos, clonagem de animais, computador e internet, direitos iguais dos trabalhadores, das mulheres, dos homossexuais — sem que isso parecesse magia negra ou loucura para um sábio europeu cientista ou REI daquela época?

Quem iria ouvi-lo com atenção? Provavelmente o alquimista, o mago, ou o xamã; o que me leva a acreditar que a realidade objetiva, verdadeira e lógica é uma questão de lugar e tempo. Qualquer avanço hoje é obsoleto em épocas vindouras, sempre foi assim.


“ESPÍRITO”
ou
ENERGIA AUXILIAR

A PEDRA de PODER mais usada no xamanismo é o cristal de quartzo, considerada uma pedra viva, que é usada nos relógios e nas naves espaciais que mandamos ao espaço. É importante encontrar a Pedra de PODER pessoal, aquela que faz diferença na vida. Esta pedra representará o Espírito Auxiliar, sempre disposto a ajudar.

LIMPEZA

PARA MANTER a PEDRA contente, molha-se nas três águas — dos rios, dos mares e da chuva. Pode-se enterrar algumas pedras, somente as usando em situação que justifique o trabalho de desenterrá-las. As bolas de cristais devem ficar longe do Sol e das pessoas.

O cristal é um embrião; ele nasce da terra, da rocha. Segundo a mineralogia indiana ele se distingue do diamante pelo seu grau de maturidade embriológica. Representa um plano intermediário entre o visível e o invisível, símbolo de adivinhação. Também chamada “Pedra de LUZ", pois facilita o transe.

O cristal está presente em todos os ritos de origem xamânica.


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Um dos 362 altares de rito dos nativos que circundam a Capital INCA, encontrado acidentalmente, pois não fazia parte em 1984 do circuito turístico.
A autora captando a memória da Pedra do Vale da Lua, nos arredores de Cusco. Ao deitar-me na pedra tive um grande prazer de estar ali; tanto, que senti que poderia morrer feliz naquela hora. Em volta desta pedra existe um pequeno anfiteatro em semicírculo, e alguns buracos ao lado, semelhantes a túmulos. Este lugar data de uma cultura anterior à conquista dos Incas neste território, onde eram feitos sacrifícios humanos no fim de cada ciclo Lunar (mensal) — reduzidos pelos Incas a uma vez ao ano.


BUSCAR O ANIMAL DE PODER

Entenda que Animal de Poder significa energia vital, força, saúde, disposição, alegria. A perda destas qualidades levam o nativo a consultar o seu pajé ou xamã, pois ele entende que a ausência destas forças indica que dentro de pouco tempo ficará doente e poderá morrer.

Em geral, depois deste encontro a saúde fica fortalecida. A forma de agradar seu Animal de Poder é dançando para ele, usando maracás, chocalhos, e cantando a sua canção de Poder.

A IMPORTÂNCIA DO ANIMAL DE PODER é vital e a sua força é enorme. Tanto que xamã nenhum REVELA QUAL É O SEU ANIMAL DE PODER A NINGUÉM — mesmo que este alguém diga que isto é besteira e que não tem importância, e até mesmo revele o seu próprio — o xamã NÃO DIZ, e se for forçado a dizer ele fala qualquer outra coisa, mas não revela, mesmo entre amigos de confiança.

A título de curiosidade, nos cursos e vivências que são ministrados pelo mundo, os professores, por precaução, só mencionam os ANIMAIS DE PODER dos quatro elementos, consagrados nos quadros demonstrativos da cultura CHINESA, EGÍPCIA e INDIANA, como as cobras, águias etc.

Poucos realmente conseguem ter de fato seu Animal de Poder ao seu lado verdadeiramente.

A RELAÇÃO COM O SEU ANIMAL DE PODER

Dançar periodicamente, tocar tambor, andar com ele ao lado, dar pequenas tarefas e ver como ele as cumpre, conversar e ouvir o que ele diz; pedir para ele descrever o que acontece em determinado local. Lembrando que o Animal de Poder precisa ser treinado e acostumado a você.

O Animal de Poder habita o mundo dos encantados, não é a alma de um animal de estimação morto. Portanto este animal do mundo do encantado vive da energia do Sol, como os humanos. Ele se alimenta e vive somente da energia de escape que você doa ao dançar e se movimentar para ele. Ele pode lhe ensinar uma canção que o agrade e se sentirá feliz se você cantar para ele quando dançar.

A LINGUAGEM DOS ANIMAIS

O xamã conhece a linguagem "secreta" dos animais, o que equivale, em qualquer parte do mundo, a conhecer os segredos da natureza, tornando-se capaz de profetizar, sinaliza o seu domínio sobre esta energia.

A PERDA DO ANIMAL DE PODER equivale à perda da energia VITAL.

SINAL DE ALARME é estar: PERDIDO, VAZIO, PRECISANDO SE ACHAR, ou com "má vontade" de viver. CUIDADO, pois pode já estar perdendo o seu Animal de Poder. Observe se você está acordando no meio da noite com depressão, se surgiu alguma alergia nova ou se está muito desanimado, sem auto confiança, esquecido, ou começando a mentir.

Respondeu sim — então você já perdeu o seu Animal de Poder. O que fazer? Dance para seu Animal de Poder — não deu certo — vá falar com um xamã em caráter de urgência, por favor.

OS MESTRES ESPIRITUAIS e os ANIMAIS

Nações inteiras no mundo todo adoraram seus amimais de PODER, o Egito elevou ao nível de deuses o Jacaré e o Gato. Os iluminados foram simbolizados com os seus animais. Esta crença continuou espalhando-se devido à astrologia chinesa e à astrologia de Zoroastro. Cristo = O peixe e o cordeiro — Krishna = A vaca


OS MONSTROS INTERIORES
e a
CRIAÇÃO

Os monstros interiores que povoam as cabeças de todos os seres humanos e os fazem sentir um animal irracional têm sido objeto de atenção de nós todos, desde o ZEUS mitológico até o mago moderno, todos tentam a mesma coisa — aprisionar estes monstros.

Sem dúvida alguma a energia que confere à força da imaginação criar estas coisas e dar-lhes vida, é a geradora destas formas pensamento.

Por que aprisionar os monstros, e não matá-los? Porque esta energia é imortal. Segundo A TRADIÇÃO a energia do pensamento humano está sempre gerando perpétuo CAOS. Quem quiser ser Criativo inevitavelmente irá se defrontar com os monstros interiores gerados no CAOS de seu SER. A ação consciente de mandá-los de volta à alguma região onde o CAOS se movimenta, foi chamada de Combate Astral.O artista criador transforma-se em caçador de si, de seus pensamentos e de todas a suas vidas vividas no planeta Terra.

Os velhos xamãs de distantes aldeias preferem fazer seu local de moradia bem encima da confluência de linhas telúricas, ou seja, nos caminhos magnéticos da Terra (rios subterrâneos). Tais locais são a representação do Centro do Mundo. Nos subterrâneos encontra-se invariavelmente a chamada "Fonte do Dragão", símbolo do mar primevo habitado pela mítica serpente desde o princípio das coisas. Portanto a casa do xamã neste local torna-se sagrada.


FIM DO SACRIFÍCIO DOS ANIMAIS

Até os nossos dias os animais são sacrificados, tanto para o homem como para os deuses comerem. Esta será uma das grandes transformações da ERA de AQUÁRIO: haverá o último animal sacrificado, então o deus não aceitará mais esta oferta dos homens, semelhante ao que ocorreu na entrada da Era de PEIXES.

Cristo ofereceu-se como o último sacrifício humano aceito por Deus, pondo fim ao hábito milenar de sacrificar meninos e meninas aos deuses. Esse ato foi um marco da diferença nos hábitos de toda a humanidade, apesar desta barbárie ainda existir em alguns pontos do planeta.

O mesmo dar-se-á com os animais. No futuro será uma barbárie sacrificá-los, e também comê-los. É a evolução natural do planeta, que passa a preservar a raça animal, valorizando mais a vida!

A história do xamanismo no Brasil é a história de seu povo, ou seja, de três raças: a vermelha, a negra e a branca, a tríplice força cultural.

Antes de CABRAL revelar — partilhando com o mundo civilizado — o Brasil, a raça vermelha que aqui habitava já tinha atingido o seu apogeu e encontrava-se em franco declínio. Dos lados do Oceano Pacífico, PIZARRO encontrou uma outra raça branca (os INCAS) que já dominava os povos vermelhos que lá moravam depois do Dilúvio. Sua chegada confundiu os nativos, que os julgaram igualmente "deuses".

Mas no lado do Oceano Atlântico tudo foi diferente, os nativos Tupinambás sabiam que os brancos não eram deuses, só não sabiam que seriam os seus conquistadores... e que eles iriam passar por um NOVO BALANÇO...

ASSIM SENDO...

Teve um momento em que o xamanismo no Brasil passou por mudanças significativas, devido à pressão da nova cultura, a da raça branca, que chegava em seu território, obrigando a cultura já existente a se adaptar para sobreviver. Os nativos, curiosos, conheceram então o catolicismo.


O BALANÇO
vindo do
MAR

Após a chegada da bandeira da Santa Inquisição, apoiada pelo governo monárquico português, houve a fragmentação do pensamento do próprio português, simultaneamente ao da raça vermelha e tempos depois da raça negra. A igreja católica romana afirmava que os negros e os vermelhos não tinham alma, que eram como os animais; e que, portanto, eles estavam fazendo um enorme bem em cristianizá-los, salvando suas almas pelo batismo, eliminando com isso os seus nomes de origem, tirando assim suas identidades.

Estes homens e mulheres, que para as suas nações estavam tendo o castigo merecido de vencidos nas guerras (uma vez que a escravidão por guerra era hábito comum entre os nativos, que vendiam os seus derrotados aos brancos, sendo por duas vezes humilhados); eram tratados como animais dos dois lados. Apavorados, agarraram-se à sua fé, muitos mal disseram-se pela má sorte que tiveram; estavam entregues ao TEMPO, sem saber que eram sementes de uma nova cultura.

Apesar da campanha de fragmentação desencadeada sobre suas mentes pelo flagelo da tortura da dupla escravidão (evidenciada pelas visões fragmentadas como um caleidoscópio vistas pela pessoa que ingere uma Planta de Poder), evidencia-se o fato de terem a psique forte; mesmo depois da morte de seus sacerdotes e pajés prisioneiros (sendo que alguns pajés foram vendedores de escravos nativos, e eram muito temidos e respeitados, como foi o caso de Caraibebe no sul do país; a tradução de seu nome significa O Santo que voa sendo que todos se deslocavam para onde quer que ele estivesse a procura de cura ou de benção). Os que sobreviveram se agarraram ao que restou e permaneceram FIÉIS aos seus princípios, ensinando oralmente e secretamente a pelo menos uma pessoa a sua TRADIÇÃO antes de morrer. Assim a própria história do povo foi preservada através de seus cantos na língua nativa e esta corrente não se perdeu de todo.

Foi de tal forma que tudo se deu, que assimilamos enquanto povo a palavra SAUDADES — saudades do que não foi visto, do que não sabemos, e temos tristeza só de pensar.


ADENDO

[imagem]

Tanto os negros como os nativos não entendiam quando eram chamados de "idólatras", pois em sua fé cultuavam a natureza, e nada neste mundo poderia fazer com que acreditassem que algum Deus, mesmo o Deus dos cristãos, pudesse castigá-los tão duramente por isso, considerando que não faziam imagens ou desenhos de suas divindades, o seu Deus era representado por alguma árvore ou arbusto e pelas máscaras, que eram maiores ou menores segundo a inteligência ou os atributos do Deus representado.

O espanto dos índios foi registrado nos pequenos versos do canto tupi-guarani:

“De que paraíso Azul, foi que você veio?
Diga para mim, diga para mim!”

Mas nem todos se espantaram, tanto que existiu um poderoso pajé chamado Maracanam (seu nome foi eternizado num estádio de futebol mais tarde) que lamentavelmente colaborou ativamente com a venda de escravos, seus inimigos tribais, para os colonizadores, da mesma forma que certos chefes negros na África (que foram bem pagos por isso), o que veio a resultar em aproximadamente 300 anos de violenta repressão. Mas isto não foi o suficiente para que o conhecimento de ambos fosse esquecido ou morresse na memória de seus descendentes. Os escravos tiveram jogo de cintura suficiente para concordar com os europeus — sem aceitar de fato o que era imposto — marca da personalidade do brasileiro, “desconfiado, querendo saber sempre o que está por trás de um fato, acreditando sem acreditar muito".

O colonizador branco não podia nem de longe suspeitar que aquelas pessoas sob sua tutela fossem cultas a ponto de elaborar qualquer pensamento sobre o divino.

No processo de urbanização do Brasil o xamanismo respondeu muito lentamente às mudanças, que não foram rápidas nem tão pouco programadas, aconteceram lentamente, movidas apenas pelas forças do astral e pela vontade Divina.

A transformação se deu com a libertação dos escravos negros no ano de 1888, vindos de várias nações da África, portanto com diferença de culturas, no entanto com a mesma crença nos Orixás. Cabe uma pergunta: Por que não reagiram?

Primeiro, porque tanto os negros como os nativos vermelhos, antes de serem vendidos como escravos aos portugueses, foram prisioneiros de guerra entre nações rivais, e como tal foram negociados.

Segundo, porque os nativos vermelhos constantemente vendiam seus prisioneiros de guerra para quem os quisesse comprar. Posteriormente, quando viram o resultado disso, pararam com esta prática, mas já era tarde, eles passaram a ser caçados na floresta pelos bandeirantes.

Depois que a compra de escravos foi diminuindo, tornou-se prática dos colonizadores fazer dos filhos deles um bom comércio, estimulando o crescimento da população negra escrava. Foi aprovada então a Lei do Ventre Livre, no entanto mães e pais continuavam escravos, enquanto seus filhos eram jogados na rua por seus donos, tanto que Dom Pedro II criou o primeiro orfanato do país em função deste horror.

As crianças, sem pai nem mãe e sem nenhum conhecimento e nem direito a ele, quando conseguiam chegar na idade adulta, estavam apáticas, não tinham nem um e nem outro deus.

Foi neste instante que os guardiões das TRADIÇÕES vieram para as cidades, para lembrá-los de que não estavam tão abandonados assim. Não aceitaram a evangelização católica que os batizava com nomes europeus, resistindo para não perderem sua origem. Começando o famoso jogo de cintura do brasileiro, em que, numa única família, há mistura de diversas raças, surgindo um filho branco, outro negro e outro mulato, com traços indígenas.

Com a liberdade conquistada a duras penas, o xamanismo foi aos poucos se urbanizando, nos anos seguintes da virada do século de 1800 para 1900. Passado o BALANÇO...


O BALANÇO

Um pouco de retrospectiva histórica...

Tempos depois do Grande Dilúvio ou do primeiro Balanço, quando os povos Tupis já haviam se dividido e outros povos surgiram nestas terras, o segundo "Grande Balanço" se deu, aproximadamente a partir do ano de 1 500, com as Grandes navegações portuguesas e espanholas, quando a humanidade dos povos indígenas não era reconhecida (só o foi no ano de 1537 pelo o Papa Paulo II), dez anos depois que o calendário Gregoriano (criado pelo Papa Gregório XIII) foi estabelecido, somente em 1582, portanto a contagem de tempo em relação as datas anteriores sofreu significativas variações.

Os nativos e xamãs não olham para este calendário quando querem saber de eventos significativos, olham para o céu e consultam o movimento das estrelas, não se confundindo com os números e nomes das palavras escritas.

DOMINAÇÃO DOS NATIVOS

Na época em que os navegantes portugueses chegaram à costa brasileira, cumpriu-se a profecia dos Pajés sobre a chegada do Tempo de mais um "GRANDE BALANÇO".

Com o Balanço veio o imprevisível: a fragmentação mental da raça, ou seja, a destribalização dos descendentes dos tupis — os Tupi-guaranis — que foram massacrados, dominados e escravizados. Com a introdução de uma nova língua mudou-se o modo de pensar e o comportamento de mais de 5 milhões de nativos, comportando mais de mil famílias lingüísticas.

DOMINAÇÃO DOS AFRICANOS

Entre 1530 e 1850 do mesmo modo, o povo da raça negra foi também escravizado ou "resgatado”, ao serem trazidos da costa para América, aproximadamente 4 milhões deles.

Esta fusão de duas raças fragmentadas mentalmente — as raças Vermelha e a Negra — foi a semente do elemento predominante no surgimento de um novo fato histórico, A CRIAÇÃO E O FORTALECIMENTO DE UMA NOVA FORÇA.

A UNIÃO ESPIRITUAL DE DUAS RAÇAS + UMA

Tanto os Pajés quanto os zeladores de Orixá — que tinham o culto das folhas de PODER em comum — sabiam que quando um povo perde seu rumo, o melhor que se pode fazer é voltar para o início das coisas e começar tudo de novo. As duas raças haviam perdido o rumo de suas vidas e a liberdade, mas não a sua língua, preservada nos cantos da TRADIÇÃO oral e nas folhas das árvores de Poder.

Resistindo à lavagem cerebral da época, vergaram e reergueram-se como folhas de capim ao vento, soltando sementes enquanto o vento soprava forte, germinando em todos os lugares.

VERMELHO e NEGRO e mestiços

Esta fusão ocorreu depois do GRANDE BALANÇO. Os sacerdotes dos Orixás e dos Nativos uniram-se para preservar a TRADIÇÃO DO SABER, comum a ambos — Aumbandan — que contou com a vinculação do Mestre Espiritual Sumé, o Flecha Dourada, no plano astral, vindo a somar com os Orixás.

Aumbandan foi um fenômeno tipicamente brasileiro, que marcou a união de duas culturas, a africana e a tupy-guarany, com traços da cultura do branco, gerando a UMBANDA como uma nova religião, hoje em dia expandida para muitos países do mundo todo.

OS NATIVOS QUE RECUARAM PARA A FLORESTA

Aqueles que não foram escravizados ou mortos fugiram para dentro da floresta, e ali ficaram durante muito tempo, ligados somente pela força de sua missão e pelo seu conhecimento.

Os índios se auto denominam guardiões das riquezas da Terra — das árvores, rios, e animais — e dizem que: O DIA EM QUE NÃO HOUVER MAIS GUARDIÕES, NÃO HAVERÁ MAIS TERRA.

Até hoje existem no Brasil índios que se preservam, resistindo ao contato com o branco. Eles são as memórias vivas da TERRA e da humanidade. Mas com certeza sabem o que acontece no mundo, conhecem as estrelas e seu movimento, observam as cores e seu brilho, vêem passar aviões e satélites; tudo graças ao hábito de se deitar de costas no chão à noite e olhar o céu, sem nenhum espanto, sorrindo diante das nossas preocupações.

LINGUAGEM — PENSAMENTO

Devido à fragmentação da linguagem (que provocou a desestrutura do pensamento nativo) na época da colonização das Américas, os pensamentos e as emoções naturalmente se fragmentaram também, causando grande dano mental e emocional a ambos os lados. Principalmente aos que foram colonizados e aos seus descendentes, os "mestiços", que por sua vez misturaram-se com outros povos vindos de outros lugares e se viram mais divididos que os demais.

Sendo que os vários SONS ou linguagens emitidos no conjunto de palavras formam, evocam e presentificam determinadas energias que delas fazem parte, o que os levou a pacientemente descobrir o significado delas.

Quais os efeitos desta fragmentação e como agiram em longo prazo? Parece que atuam nas horas menos previsíveis, têm vontade própria dentro do EU. Penso ser o VERBO em estado caótico procurando se acomodar na nova ordem mental da mistura das letras, geradas no mecanismo automático do pensamento.

Vamos então ao inevitável: aceitar domesticar, ou expelir o novo SOM — que virou forma — de dentro de nós, numa nova maneira de falar e acomodar os termos de todas as vertentes, enriquecendo a língua predominante (ou a mais forte) com novas formas e emoções, que dão as características especiais de temperamento a um povo.

— Quem sabe lidar com isso?

Hoje ainda nos perguntamos, afinal tratam-se de formas da EMOÇÃO que não são do PENSAMENTO, mas, desprendidas e atraídas pela EMOÇÃO, ganham vida pela palavra. Parece não ser possível identificá-las, pois se alojam na estrutura da personalidade — do pensamento — do eu — do ego — e se confundem com o ser humano que emitiu o SOM e as atraiu, gerando muitas outras novas palavras que ainda estão por vir.

Mas os MONSTROS são o que figuradamente podemos chamar de lixo das palavras, que sobraram no plano mental coletivo depois da mistura. Acredito que o mesmo deva acontecer com todos os povos em que a cultura tenha passado por influência estrangeira — chegamos ao "óbvio", que soa como o "ovo de Colombo".

Estas "coisas" não falam: grunem, gemem coisas inarticuladas, atuam na vida das pessoas. Não têm vontade própria, mas querem viver, são formas limitadas de uma partícula poderosamente inteligente que faz parte de nós e move tais sentimentos. Temos que conviver com isso, pois sempre foi assim, basta olhar a história dos povos.

A PRIMEIRA RELIGIÃO TEM COMO GUIA ESPIRITUAL O ANCESTRAL DA RAÇA VERMELHA — TUPÃ

Com fortes características do Xamanismo Clássico, a UMBANDA veio da palavra "Aumbandan", que quer dizer Tradição de Saber — surgiu em 1889 sendo oficializada em 1903, trabalhando essencialmente com o transe espontâneo, um ano depois da libertação dos escravos no Brasil. Esta nova religião segurou a psiquê do povo, que hoje ressurge integrado na Cultura Brasileira, conhecida nos primórdios como BARATZIL, que significa Terra das Estrelas BARA = Terra — TZIL = Luz, em linguagem Nheengatu ou Língua Boa, TUPÃ = Tu quer dizer admiração, PÃ é uma pergunta, que tem o significado: O que é isso? Mas também quer dizer aquele que governa o mundo.

Correntes espirituais da raça Vermelha: O PAI VELHO e a MÃE VELHA — chamados pela população não iniciada de “negros velhos”. Os CABOCLOS *ndash; são os nativos da raça, ou seja os ÍNDIOS e as CURUMINS, enfim, os seres que estão no mundo do ENCANTADO, sendo conhecidos como a “Linha de Caboclo”.

Correntes espirituais da raça negra: — Orixalá — Ogum — Oxossi — Xangô — Yorimá — Yori — Yemanjá.

O fenômeno do surgimento da Umbanda registra o famoso jogo de cintura brasileiro, pois, para não serem perseguidos e dizimados, os negros e os índios, evitando mais tormenta, criaram o sincretismo com os Santos da Igreja Católica, fazendo as festas no mesmo dia dos Santos.

Uniram posteriormente na Umbanda as correntes espirituais das raças BRANCA — NEGRA — VERMELHA e AMARELA, que foram, em ritmo acelerado, desfragmentando as mentalidades divididas pelo horror da guerra de domínio racial.

A união das culturas Branca, Vermelha e Negra, tem refletido a cultura do Brasil e das Américas, como guardiã das Boas Palavras, onde se canta em guarani, nagô e português.

Linguagem da AUM-BAN-DAN

A nominação preservada na linguagem religiosa permite pesquisarmos as suas origens, Na Umbanda vamos encontrar termos em Quíchua (língua dos Incas), Yorubá e Abanheenga, ou seja, Tupy-nambá arcaico.

A palavra referente à divindade suprema nas diferentes culturas raciais, recebeu nomes diferentes, sendo DEUS na raça branca — TUPAN na raça vermelha e ZAMBY na raça negra — todos os três usados igualmente na Umbanda.

Quando adolescente freqüentava o Terreiro do Pai Ubirajara. Voltei naquela casa muitas vezes ao longo de minha vida, até quando ela fechou devido a passagem deste mundo do senhor Francisco, o dirigente. Foi lá que vi pela primeira vez o sincretismo religioso — tanto se rezava o Pai Nosso, como se cantava os pontos africanos e pontos de chamada dos índios, como também dava-se passes espíritas. Minha avó dizia que isso é coisa de brasileiro. Hoje entendo que nosso povo miscigenou não só as raças, mas o CONHECIMENTO espiritual.

Conheci outros Terreiros como os de Candomblé, com suas folhas sagradas; fui às mesas brancas espíritas, e em todos os lugares pude notar o evidente apoio aos que sofrem e sentem-se desamparados pela sorte. Minhas respeitosas saudações a OXALÁ — senhor do Planeta Terra — e TUBAGUAÇUS — Senhores do Brasil.

A SEGUNDA RELIGIÃO BRASILEIRA

O Brasil acabara de libertar os escravos negros em 1888, nesta conturbada época da história, entre o fim do regime monarquista e a Proclamação da República em 1889. O estado do Acre foi integrado ao Brasil em 1903. No início dividido em quatro partes: Alto Acre, Alto Purus, Alto Juá e Alto Turauacá, unificado em 1907 a 75ºOeste de Greenwich, fuso de menos de 5 horas GM. Na mesma época em que o General Rondon estende naquele território linhas telegráficas, e é construída a estrada de ferro Madeira Mamoré de 366km, não sem muito derramamento de sangue, com disputas armadas de parte à parte, ligando os territórios de Rondônia, Acre e Bolívia. A estrada havia acabado de ser construída, e para trabalhar nela vieram muitos negros de 1m90cm à 2m de altura.

Um destes negros, neto de escravos, com (20) vinte anos de idade, chegou do Maranhão para trabalhar nos seringais do Peru e na ferrovia, vindo a conhecer uma bebida chamada Ayahuaska.

Dez anos depois, quando contava com (30) trinta anos, inicia o que seria no futuro o Culto do Santo Daime, ligando definitivamente a raça negra à vermelha e à branca, pela cultura da PLANTA DE PODER, que os ensinou a cantar, dançar e falar corretamente, a ter segurança pessoal elevando sua auto-estima de forma pacífica, inspirada pela entidade espiritual denominada de “Clara" e do Inca Huaskar. Essa cultura vai se solidificar em 1931, quando Mestre Irineu Serra se torna poeta, recebendo seus Hinários e aceitando nos TRABALHOS espirituais a presença feminina, o que foi inovador para seu tempo.

Nasceu assim a segunda religião brasileira de raiz xamânica, no Bairro de Vila Ivonete, vindo tempos depois a se transferir para o bairro do Alto Santo no Estado do Acre, na cidade de Rio Branco, sua capital. Gerou a partir disso outras ramificações, mas sempre com o uso das mesmas Plantas de Poder.


EM TEMPO

Mestre Irineu, ao conectar seu Mestre Espiritual e dele receber instruções para fazer da Ayahuaska um novo uso, uniu o Caminho Profundo (telúrico) ao Caminho Cósmico de Iniciação, tendo o mérito de INOVAR, fazendo a primeira ponte de passagem para o Xamanismo Urbano de Plantas de Poder. Deu o nome de SANTO DAIME, culto que entendemos ser para fins de reestruturação mental e espiritual de um povo. Como a Umbanda, que está tendo muitos adeptos em outros povos, que buscam igualmente melhor se estruturar para uma nova ordem que se aproxima rapidamente no mundo da alta tecnologia.

Hoje as duas religiões estão espalhadas pelo Brasil inteiro, pela América Latina e pelo mundo, pois não há lugar onde as pessoas não estejam sofrendo algum tipo de desestruturação, acredito que devido a tantas doenças epidêmicas, às guerras de armas e comerciais, levando à transformações sociais violentas, vindas decorrentes de mudanças filosóficas e políticas anteriores.

A NATUREZA é a maior forma de expressão de DEUS e é nela que a humanidade vai buscar SALVAÇÃO, nela encontramos a matéria-prima para superar todos os males, ela é o modelo, a matriz mãe, portanto esta RAÍZ não pode ser extirpada, deve ser preservada.

Florestas inteiras se acabam com o FOGO. Será que vamos viver para cumprir a profecia BÍBLICA de um novo Apocalipse por causa disso, ou “alguém” vai criar uma NAVE com o nome de Arca de Noé para salvar os “animais” da extinção? Mesmo a antiga Arca somente levou algumas espécies, deixando os “agigantados ou grandes” perecerem para sempre.

Vivemos momentos míticos importantes, sem os quais nenhuma nação se torna forte. Se há poder no céu há poder na TERRA, e creio que um povo somente é forte quando o PODER Divino torna-se consciente na mística do dia-a-dia de seus habitantes.

Ouvi falar a primeira vez em Plantas de Poder num terreiro de candomblé, na minha casa o assunto era tabu. Notei que não era somente lá, mas em todos os lugares onde ia. Até que, nos anos 80, no Peru, conheci a Ayahuaska. Depois, como terapeuta acupunturista conheci nativos xamãs de várias tribos do Brasil e de fora dele. Acabei entrando em contato com a UDV e o Santo Daime. Acredito muito na importância destas duas correntes religiosas genuinamente brasileiras, que estão inspirando músicos, poetas e arquitetos a fazerem obras criativas e originais.

QUAL É A DIFERENÇA NO SISTEMA URBANO DO XAMANISMO?

Depois de analisar o xamanismo destas duas correntes que resultaram nas religiões brasileiras, é inevitável pensar que se o xamanismo é tão bom, por que não produziu uma cidade, a roda, a escrita no papel, ou outras invenções? — Observamos que a mudança para o sistema urbano se deu num momento em que o governo do Brasil estava passando por muitas alterações políticas, pois saía do sistema de Reinado para a República, o que favoreceu novas culturas no país. Estas duas religiões que nasciam muito ajudaram no desenvolvimento dos lugares em que se instalaram, com formação de cidades, com trabalhos sociais e culturais.

Notamos que o nativo tem somente compromisso com o seu ato criativo no campo espiritual, tanto que Orlando Vilas Boas, conhecido sertanista, declarou que o nativo vive no mundo espiritual,enquanto que somente estas realidades são realidades palpáveis de fato.

O xamanismo urbano trouxe algo novo: o Compromisso com o mundo da matéria, tentando transferir o conhecimento do mundo astral para beneficiar o mundo material, diversificando o que foi fragmentado.

Foi o COMPROMISSO auto assumido de uma idéia que fez a diferença, os fundadores das duas religiões tiveram o compromisso espiritual e social de fundir culturas, preservando a que estava em perigo de extinção, dando modernidade às pessoas para trazê-las até os nossos dias, melhorando o esquema mental das pessoas que os cercavam, usando um critério simples — se foi bom para mim, deve ser também para os demais.

Hoje os novos xamãs sentem que já é hora de assumir novos compromissos, rever conceitos, e aprender a usar uma nova linguagem para contar velhas histórias. O xamã sabe mais coisas hoje que ontem, já desmistificou crenças antigas, apesar de saber que em outra época elas foram necessárias, pois esta era a única maneira de dizer coisas complicadas sobre as auto programações mentais. Sabe também que DESTINO chama-se DNA, como sabe sobre a capacidade inteligente das células.

Hoje o xamã atende a uma chamada telefônica pelo celular encantado com a nova invenção, tem computador, entra na internet, toma avião e dá palestras pelo mundo todo, não encontra dificuldades em achar um editor para seus livros, os editando até virtualmente, e é lido por todo mundo.

Quanto às Plantas de Poder, estou convencida de que todos os xamãs e pajés as utilizam até hoje, com exceção daqueles que não são xamãs de fato, mas usam técnicas do xamanismo mescladas com o espiritismo.


CONCLUSÃO

A idéia deste pequeno livro é discutir as origens xamânicas das duas religiões brasileiras, que nos seus desdobramentos vêm recebendo inúmeras influências; e demonstrar a necessidade cultural da época em que surgiram, assim como a importância de um povo que entendo fazer parte da gênese do brasileiro.

Visando contribuir com o conhecimento sobre as origens do pensamento místico brasileiro, pesquisei na internet para ter os dados de datas sobre o primeiro centro de Umbanda registrado no Brasil no site Oficial da UMBANDA e o mesmo sobre o Daime de Mestre Irineu no site do CEFLURIS.

Quanto aos dados sobre xamanismo nativo, foram colhidos em conversas informais de amizade que fui fazendo ao longo da vida, como ficou demonstrado.

Sobre as origens do pensamento do xamanismo clássico, colhi dados no Livro do Dr. Lauro dos Santos Lima — “Flecha Dourada, o guerreiro do Arco-Íris”, da editora Nova Tribo Cultural.


BREVE HISTÓRICO DE ANA VITÓRIA

[imagem]

Pertenço à 4ª geração de estudiosos do espiritualismo, como dizia minha amada e saudosa avó materna Miretta Lacerda, os dons para-normais estão na nossa genética e o gosto pelo estudo de pesquisa aprendi na convivência diária com ela, que me alfabetizou aos cinco anos de idade, quando todas as crianças começavam a ler aos sete anos. Ela orientou as minhas primeiras e segundas leituras. Depois “assaltei” a biblioteca de minha mãe Philomena (assim com PH, como gosta de lembrar), que os mantinha trancados, pois sabendo do meu gosto por livros achava que eu tinha pouca idade para os devorar, no entanto deixava à vista as fábulas de Esopo e as mitologias gregas, que releio até hoje. Meu pai, no entanto, lia e relia para mim os livros de iniciação esotérica e de alquimia, comentando longamente a cada parágrafo. Atrás da porta assistia às seções espíritas de minha tia Beni, irmã mais nova de minha avó.

Cresci num universo de pessoas sempre em questionamento filosóficos, que colocavam à prova tudo que recebiam do mundo astral. Conta-se que meu bisavô Elói Lacerda pedia o endereço dos espíritos recém encarnados, que se comunicavam em suas seções espíritas, e depois ia conferir a veracidade dos fatos. Do lado paterno os Vieira Monteiro eram cristãos católicos, depois desiludiram-se com o Bispo de São Carlos pelos idos de 1945, ficando além das alegres fogueiras das festas juninas o nome dos apóstolos dado para os seus filhos. Meu pai chamava-se Pedro e desenvolveu o gosto pelo esoterismo devido a um presente de uma pessoa que deu a ele uma bola de cristal puríssimo e um livro da Cruz de Caravaca, como demonstração de gratidão por um favor recebido, que me foi ofertado pouco antes de sua passagem deste mundo.

Primeira filha de meus pais, nasci em 2/2/45. Devido à vitória dos aliados na guerra recebi o nome de VITÓRIA, na cidade de São Carlos. Aos 5 anos meus pais se separaram e com minha a família (mãe e dois irmãos) viemos para São Paulo onde permaneci, estudei piano, fiz os estudos primários e secundários no bairro da Penha.

Aos 16 anos FUI trabalhar no jornal da Penha onde tinha uma coluna para jovens, minha mãe casou-se novamente e ganhei mais um irmão, meu pai também casou. Participei dos movimentos dos jovens daquela época, freqüentei passeatas, ouvi Elvis e Villa Lobos no Teatro Municipal de São Paulo e uma vez por ano de férias íamos ao Rio de Janeiro.

FUI para a Radio Marconi, casei com o radialista e jornalista Gil Gomes, indo morar no Jardim da Saúde. Tivemos três filhos; estudei astrologia, pintura e tapeçaria espanhola durante 14 anos, depois nos separamos. Estudei então acupuntura, shiatsu, doin e parapsicologia, abrindo a Clínica Vitalista Paracelso como terapeuta acupunturista.

Recomecei a escrever editando jornais alternativos, participei de movimentos de Ecologia, de preservação animal e vegetal, dei palestras por todo o Brasil.

Tornei a me relacionar amorosamente, encontrei Marcos, um quiromancista inigualável que depois de dois anos, se matou por saber ser portador de uma doença incurável.

Fechei o consultório depois de 12 anos e FUI em busca de realizar meu sonho:

Ser ESCRITORA.

Mudei de casa, mudei de vida, mudei de calendário — o Maia. Formei um grupo de estudos xamânicos somente com artistas. Compus poesias e músicas.

Mas o primogênito Guilherme Gil Gomes, depois de perder sua filha por incompetência médica na hora do nascimento, algum tempo depois, veio a falecer prematuramente de hepatite C, depois de anos de luta contra este grande mal que o atormentou nos últimos anos de vida.

Daniel entrou para a faculdade de direito e se casou , deu-me três netas se tornou pastor da Igreja Renascer.

Vilma se formou advogada, abriu escritório e casou e veio morar comigo.

Entrei para o mundo VIRTUAL, criei um saite e passei a responder incontáveis e-mails por dia — descobri um novo mundo de muitas janelas.

Embalada por impulsos interiores tive a loucura de não desistir até que meu sonho virasse realidade! Escrevi para TEATRO as peças — O DISCO SOLAR — CHICO MENDES e o ENCANTADO — BRASIL OUTROS 500 — A VIZINHA de NOÉ — E outros textos inéditos — MÃE da MINHA MÃE — PRATOS LIMPOS — FOGO ETERNO — CASACO DE ANTÍLOPE — o monólogo FÊNIX.

Minha história e as histórias que escrevo ainda não acabaram, pois a vida que vivo continua no mundo material, no mundo teatral e no mundo virtual, apesar dos que amei terem se transferido para o no mundo espiritual.

Retomei algumas atividades, como a astrologia, a pintura e a tapeçaria como forma de lazer. E escrevo, escrevo e escrevo... penso em fotografar São Paulo, o que é um velho plano meu, mostrar a cidade a seus habitantes através de meus olhos.

FUI


© 2000-2006 — Ana Vitória Vieira Monteiro
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